Alunos de escolas públicas maranhenses viveram a experiência de realizar uma série de quatro curtas de ficção e três documentários, na qual eles foram os responsáveis por escrever as histórias, produzir, encenar e dirigir os próprios filmes.
Agora eles vão assistir ao resultado desse trabalho na tela grande, na primeira Mostra Ilha em Edição que acontece nesta quarta-feira, às 19h, no Cine Praia Grande.

Durante cinco meses, eles passaram por um processo de formação em diferentes cursos audiovisuais e entraram nos sets de filmagens como protagonistas desse trabalho, com auxílio de profissionais, especialistas na área cinematográfica, que ministraram cursos de formação e acompanharam as gravações das filmagens.
O primeiro passo foi a realização de um programa de formação que iniciou no final de setembro do ano passado, quando foi realizada a aula inaugural do Projeto Ilha em Edição, no auditório do Liceu Maranhense, com a presença de aproximadamente cento e cinquenta estudantes. A aula foi aberta a toda comunidade escolar convidada pela direção e não apenas aos alunos inscritos nos cursos.
Foto: Divulgação
Assim, todos puderam conhecer de perto a proposta pedagógica do projeto, além de participarem de um debate sobre juventude, direitos humanos e audiovisual, que teve como objetivo provocar uma primeira reflexão dos participantes sobre esses temas, já que era intenção do projeto promover essa discussão sobre direitos humanos, a partir de uma reflexão sobre quais direitos os jovens gostariam de abordar em seus trabalhos, relacionando-os com as temáticas, juventude e a cidade onde vivem.
Dessa reflexão surgiram os temas que geraram os argumentos dos filmes, tais como: violência contra a mulher, transsexualidade, violência policial contra jovens, direito de ir e vir na cidade, gênero e etnia, etc.

Cada curso teve carga horária de 70 horas/aula com conteúdos específicos, pertinentes a cada linguagem, além de atividades práticas que possibilitaram a produção integrada de trabalhos previstos neste projeto.
O objetivo foi criar nexos entre as diferentes turmas, fazendo-os compreender a necessidade de um trabalho coletivo nessas produções, envolvendo cada uma das etapas e, por consequente, grupos formados: roteiro, produção, atore direção.
A proposta visava não apenas a qualificação técnica de adolescentes e jovens, mas também a ressignificação do seu olhar diante do seu cotidiano, permitindo que dessa articulação construam-se novas referências audiovisuais de percepção sobre a realidade.
Para isso, também se investiu num trabalho de reflexão e pesquisa sobre a realidade em que vivem esses jovens. Os resultados dessas pesquisas serão roteirizados para a produção de obras audiovisuais, que serão elaboradas durante os cursos e irão tematizar a diversidade, o contraditório dessas populações.

Sobre a Mostra Ilha em Edição
A Mostra Ilha em Edição é a culminância de um projeto concebido e coordenado pelo Instituto Formação e apoiado pelo Ministério da Cultura, através do Fundo Nacional de Cultura, começou a ser desenvolvido no segundo semestre do ano passado e teve como parceiros estratégicos para sua realização a Secretaria Estadual de Educação e o Instituto Federal do Maranhão – Campus Centro Histórico, que fizeram a mobilização das instituições e dos alunos para participarem dos cursos oferecidos.
As obras audiovisuais foram pautadas a partir de um processo de discussão, pesquisa e releitura sobre a realidade em que vivem, associada aos temas: Juventude, Direitos e Cidade. Pretende-se dessa forma contribuir para que adolescentes e jovens que não têm direito a voz no seu dia-a-dia, atuem através desses filmes como porta-vozes de suas realidades, através de uma reflexão crítica sobre os reais problemas e potencialidades da região, possibilitando uma produção e edição mais próxima do real, sem cortes que possibilitem a esses moradores serem, também, sujeitos de sua história.
Curtas de Ficção:
Short Jeans
Sinopse: Jovens, estudantes e atrizes estréiam uma adaptação da peça “A Casa de Bernarda Alba”. Lucy, uma delas, veste seu short jeans e decide não mais sofrer a opressão machista da sociedade. A cultura do estupro estará com os dias contados?
Linha Tênue
Sinopse: Lucas é um jovem com depressão e solitário que vive em uma linha tênue com o pai, onde a qualquer momento um fio pode gerar um curto circuito.
Atalho
Sinopse: Três jovens da periferia de São Luís decidem tomar uma atitude que pode mudar a vida deles. Eles pegam um atalho. O plano não dá certo. Nos obscuros às retinas, o duvidoso toma-se como certo. Vira estatística.
Filtros
Sinopse: Alice, uma jovem mulher transgênero sonha em realizar seu maior sonho: se submeter à cirurgia de mudança de sexo. Porém, a volta ao contato com o pai doente renal, que precisa de um transplante, faz com que ela tenha que tomar uma importante decisão. Tudo precisa ser filtrado.
Documentários:
Eu, Suburbana
Sinopse: O documentário Eu, Suburbana apresenta o cotidiano de uma periferia local, através de imagens e narração de quem viveu e cresceu na periferia, nos revelando alegrias e problemas vividos pela maioria dos brasileiros, que mesmo privados de seus direitos mais básicos, encontram forças na arte, no esporte e nas lutas do dia a dia para sobreviver.
Prazer, Centro Histórico
Sinopse: O documentário apresenta histórias pitorescas de pessoas que vivem e sobrevivem no Centro Histórico de São Luís. Histórias do dia a dia que percorrem as ruas do maior conjunto arquitetônico cultural da América Latina.
Estética Negra
Sinopse: O curta conta a história de duas mulheres negras que depõem sobre seus respectivos processos de aceitação da identidade negra.
O problema surge a partir do contexto social (família, escola e outros grupos e da problematização da falta de bonecas negras) que historicamente e socialmente foram construídos sem preocupação com a inclusão cultural das negras e dos negros nos mais diversos espaços de sociabilidade.
Abordando com uma das mais fortes ferramentas de empoderamento, a aceitação da estética.