Sem preconceito, Josué Redentor defende o teatro pedagógico

Mesmo reconhecendo o desafio que é fazer teatro que não tem apelo popular, mas sem criticar quem aposta neste formato, até porque já experimentou o teatro comédia, alegando não ser de sua preferência, o ator maranhense Josué Redentor, do Coletivo Redentor, assegura que o objetivo do espetáculo “ Para uma Avenca Partindo”, com texto de Caio Fernando Abreu, (jornalista, dramaturgo e escritor brasileiro), que morreu em 26 de fevereiro de 1996, tem um papel como a arte teatral, provocadora dos sentidos, instigante para o pensamento e a ação, além do significado de uma plateia formadora de opinião, a partir de uma linguagem densa, interpretativa, reflexiva e pedagógica.

Ator Josué Redentor. Foto: Carol Libério

– Respeito toda forma de se fazer teatro. Já fiz teatro besteirol, Não é a minha escola, nem minha preferência, Mas o Coletivo Redentor tem como interesse desenvolver um teatro com uma linguagem complexa e reflexiva. Com a peça “Para uma Avenca Partindo”, com texto de Caio Fernando Abreu, entre outras produções do Coletivo, a gente pretende ocupar espaços em Mostras e Festivais, além de formar uma plateia com criticidade, papel este que a escola deveria exercer. Infelizmente, não estimula através da leitura – complementa.

O espetáculo “Para Uma Avenca Partindo” entra em cartaz na sexta-feira (25) e sábado (26), a partir das 19h, reinaugurando o Teatro Alcione Nazareth. Indagado sobre a retomada da peça em São Luís, Josué disse que depois dessa curta temporada na ilha, o Coletivo segue para apresentações em julho, em Teresina (PI) e agosto, em Fortaleza (CE).

– Com essas duas apresentações no fim de semana em São Luís pretendemos aquecer com retorno do público para prestigiar o trabalho. Depois seguimos para essas duas apresentações fora. E em setembro a gente retorna para mais uma temporada na capital maranhense. Vamos remontar uma das peças com o repertório do dramaturgo e poeta alemão, Bertolt Bretch – adiantou.

Josué Redentor é ator, encenador, graduando do curso de teatro da UFMA, técnico em artes cênicas, habilitado na escola Cacem/Centro de Artes Cênicas do Maranhão e professor de Expressão Teatral no NASA/Núcleo de Assistência a Saúde do Adolescente, projeto de extensão da UFMA.

Ativo no campo das artes há quase dez anos, já participou de várias montagens com diversos grupos de teatro do Maranhão e já fez parte do elenco fixo da Companhia Tapete Criações Cênicas e do Grupo Teatral Improviso.

Monólogo

“Para uma Avenca Partindo” tem texto de Caio Fernando Abreu, adaptação de Josué Redentor, que divide o palco com o pianista Evgeny Itskovich. A montagem é do grupo maranhense Teatro do Redentor, sob a direção de Áurea Maranhão.

A peça é um monólogo que conta a história de um homem triste, pobre e desesperado que ama e não aceita a dor da despedida. Através de um discurso sincero, se expressa por palavras gestos, risos e silêncios, no entanto, não consegue dizer o que honestamente sente ou sem dizer já o diz. A cada tentativa frustrada de expressar seus sentimentos, vai potencializando sua batalha por este amor, como se ainda fosse possível impedir a partida.

O trabalho pode se interpretado como uma apresentação, um ato cênico, uma performance ou até mesmo histórias independentes contadas , girando sempre em torno de um mesmo tema: O Amor, variando entre amor e sexo, amor e morte, amor e abandono, amor e alegria , amor e memória, amor e medo, amor e loucura. Mas se o espectador também quiser, pode ser uma espécie de romance-móbile. Um romance desmontável, onde as peças talvez possam completar-se, esclarecer-se, ampliar-se ou remeter-se de muitas maneiras umas as outras, para formarem uma espécie de todo, aparentemente fragmentado, mas de algum modo, completo.

Sobre a música

A música no espetáculo tem papel fundamental, o pianista russo, radicado no Maranhão, Evgeny Itskovich, cria uma trilha sonora exclusiva para a peça. A sonoridade criada no decorrer da peça, surge na tentativa de diálogo entre o ator Josué Redentor, o músico, espectador e espaço. A música vira um personagem que fala diretamente com o ator em cena e vem para discutir e se integrar com os demais elementos da encenação. O papel do pianista é de respirar junto com Josué e interagir com sonoridades diversas, parecido com o cinema mudo, que explora os sentimentos e o ritmo cênico, criando uma atmosfera dinâmica para cena.

O Coletivo Teatro do Redentor

A pesquisa de linguagem cênica do Coletivo Teatro do Redentor tem início no ano de 2005, quando o ator Josué Redentor resolve reunir alguns amigos de profissão para formar um coletivo de estudos continuados em artes cênicas, buscando um ponto de interseção entre: performance, dança, música e teatro. Com o objetivo de aglutinar olhares diversos e com eles estimular processos criativos contemporâneos e reflexões plurais sobre teatro e arte.

Sob forte contaminação do vírus da performance, dança, música e teatro, o Teatro do Redentor, realiza questionamentos a respeito do mundo, da arte e do ser no contexto presente. Cada trabalho é uma tentativa de dialogar com o contemporâneo, o caos e suas sensações.

Ao longo dos seus doze anos de trajetória, o grupo participa ativamente das principais mostras e festivais do seu estado e de outras capitais: Mostra Sesc Guajajaras de artes(participou de 06 edições), Semana de teatro no Maranhão(participou de 08 edições), Festival ponto de vista de teatro/ UFMA (participou de 02 edições), Mostra de arte contemporânea / UFMA(participou de 02 edições), Encontro Humanístico/ UFMA(participou de 04 edições).

No ano de 2015, foi comtemplado para compor a programação da “Caravana 3 Marias” no Maranhão, projeto agraciado com o prêmio funarte de teatro Myriam Muniz, e recentemente participou do 23º Festival nordestino de Teatro de Guaramiranga (2016). Atualmente o núcleo trabalha com textos não dramáticos. São contos, crônicas, cartas, manifestos de autores consagrados e dramaturgia própria.

Serviço:
O quê: Espetáculo Para Uma Avenca Partindo
Onde: Teatro Alcione Nazaré
Quando: Sexta (26) e sábado (27) de maio
Horário: 19h

Ficha técnica
Texto: Caio Fernando Abreu
Adaptação: Josué Redentor
Criação/Encenação: Josué Redentor / Áurea Maranhão
Em Cena: Josué Redentor e Evgeny Itskovich
Pianista: Evgeny Itskovich
Cenário e figurinos: Josué Redentor
Desenho de Luz / operação: Thyago Cordeiro
Fotos: Carolina Guerra Libério
Criação Gráfica: Yves Jacob

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