Será que o terrorismo chegou ao Brasil? Neste 11 de setembro,segunda-feira, São Luís tem na agenda um acontecimento incomum: a praça Nauro Machado será ocupada por jovens engajados politicamente em uma sessão aberta da recém-lançada série de TV O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas.
Mas esta não é apenas uma exibição, por traz há um potente grito. A data, claro, não foi escolhida por acaso. Marcado pelo atentado sofrido nos EUA e pelo golpe militar no Chile, este é um dia emblemático para se discutir o porquê do governo brasileiro vincular protestos por direitos à prática terrorista.
A programação reúne ainda os movimentos de ocupação O Circo Tá Na Rua e Sebo no Chão, convocando a população ludovicense a ocupar o Centro Histórico de São Luís a partir das 19h.
Polêmica e incendiária, O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas é a primeira série de TV maranhense a alcançar amplitude nacional.
Não poderia ser diferente. Em formato road movie, a produção registra a jornada do Coletivo Ocupai, que decide sair de São Luís do Maranhão rumo a Montevidéu, no Uruguai, a bordo de uma Kombi, realizando intervenções artísticas e políticas que viralizam nas redes sociais e instigam movimentos por todo o país.
A série estreou em agosto na TV Cultura e canais filiados pelo Brasil. Já em São Luís, a TV UFMA promete levá-la ao ar ainda neste mês de setembro.
Na trama os personagens são fictícios, porém os flagrantes captados pela câmera são reais e têm como pano de fundo o atual cenário de crise política que o país atravessa.
Em cinco episódios, Graco (Breno Nina), Rosa Parks (Nilce Braga), Dyones (Diones Caldas) e Clarinha (Tássia Dur) levam o espectador a se deparar com as mais duras realidades brasileiras, desde os crimes impunes cometidos por políticos e grandes instituições a acontecimentos como a devastação de povos indígenas e comunidades tradicionais.
A série aborda ainda de forma poética manifestações como o bumba-meu-boi, rituais indígenas, o tambor de Candombe do Uruguai, entre outros.
São Luís, Itapecuru, Carolina, uma aldeia indígena no Tocantins, Brasília, São Paulo e Montevidéu desenharam a rota que cruza este lado da América do Sul de um extremo ao outro.
A jornada não foi apenas do Coletivo Øcupai, mas também da equipe de produção, composta por cerca de 15 pessoas que viveram as mesmas emoções dos personagens, morando literalmente dentro de uma van, durante pouco mais de um mês de gravações.
Um grupo formado em sua maioria por jovens maranhenses, igualmente idealistas, que acreditaram no sonho de representar as lutas sociais nas telas da TV brasileira e pretendem alçar vôos ainda mais altos ao levar a série a espaços de difusão mundo afora.
A série foi possível através do financiamento conquistado pelas produtoras independentes Gritos e Lume Filmes no edital PRODAV 09/2014 da Ancine, que financia conteúdos para TVs Públicas com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). A trilha sonora original é assinada por Zeca Baleiro, que lança composições inéditas criadas especialmente para a ocasião.
O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas foi escrito por Lucian Rosa (diretor) e Keyci Martins (produtora), e conta ainda na produção com mais integrantes do extinto Coletivo Éguas Audiovisual, que em 2013 lançou o longa-metragem Luíses – Solrealismo Maranhense, uma das primeiras produções no país a registrar as jornadas de Junho, e que ganhou notoriedade pela ousadia das denúncias políticas, chegando a representar o Brasil em um evento cinematográfico internacional na Argentina no ano seguinte.
As exibições da série e outras novidades podem ser acompanhadas através da fanpage no facebook (O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas), do instagram (@coletivoocupai) e do canal no Youtube (Coletivo Ocupai).
SINOPSE: O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas é uma série de ficção em formato road movie que em cinco episódios retrata a jornada do Coletivo Øcupai, formado pelos jovens Graco, Dyones Clarinha e Rosa, partindo de São Luis (MA) rumo ao Uruguai.
Idealistas, críticos e inconformados com a ordem social vigente – que oprime indivíduos, viola direitos, inverte valores e incentiva o consumo desenfreado – os integrantes do coletivo decidem cruzar o país a bordo de uma Kombi, promovendo no caminho intervenções artísticas e sociais pautadas em demandas atuais como sustentabilidade, reforma política e agrária, segurança pública, direitos das minoria, questões de gênero e moradia.
FICHA TÉCNICA
Título: O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas
Direção: Lucian Rosa
Roteiro: Keyci Martins e Lucian Rosa
Elenco: Breno Nina (Graco), Nilce Braga (Rosa Parks), Tássia Dur (Clarinha), Diones Caldas (Dyones)
Ano: 2017
Local: São Luís-MA
Produção: Lume Filmes e Gritos Produtora Audiovisual
Quantidade de episódios: 5
Duração: 26 min (cada)
SERVIÇO
O Quê? Maratona aberta O Dia Em Que Nos Tornamos Terroristas + O Circo Tá Na Rua + Sebo no Chão
Quando? 11 de setembro, às 19h
Onde? Praça Nauro Machado (Centro Histórico de São Luís)
Quanto? Gratuito, aberto ao público