Muito pertinente a matéria da Carta Capital, curtida, comentada e compartilhada na página do Facebook do produtor cultural, André Lobão, sobre o surgimento e revitalização dos blocos de rua no Carnaval em diversas capitais e municípios brasileiros, sendo alguns apontados como resultado em parte das ocupações em espaços públicos que tomaram conta de todo o país frente à chamada “crise política”.
Como diz a matéria da Carta Capital, esse cenário propõe uma reflexão sobre uma possível redescoberta, por parte dos cidadãos brasileiros, das vias públicas, coretos, parques, largos e praças, anteriormente esquecidos pelo descaso ou engolidos pelos grandes projetos arquitetônicos e o estigma da violência.
Do Lado de cá
Realmente, é uma conquista espontânea, uma espécie de resistência cultural, um ato de garantia à cidadania. E trazendo para a nossa realidade, os espaços públicos do Centro Histórico, estão sendo tomados pelas festas do pré-carnavalescas, o que não deixa de ser uma conquista.
Na noite de sábado, acompanhado pelos casais Márcio e Beth Vasconcelos, Luiza Teixeira e Eduardo Júlio Canavieira, prestigiei pela primeira vez, a pré-folia de 2018, na região do Centro Histórico de São Luís. Transitei entre a Fonte do Ribeirão, João Lisboa e Praia Grande. Um mar de gente de gerações e tribos distintas se fez presente. Todos fantasiados, como exige o Estatuto do Carnaval, acompanhando as bandas Bandida, Bicicletinha e Só Safados, esta última a bola da vez no pré-carnaval na cidade.
Euforia
Um público, especialmente, juvenil adotou a brincadeira para soltar todo o tipo de bicho que passa pela cabeça em pleno período de Momo. Com certeza, não era a proposta inicial de quem está por trás da Só Safados. Existe uma preocupação com o volume grandioso de pessoas que vem acompanhando o bloco desde a primeira aparição na folia, em 2018.
Enfim, o filme já foi visto com outros blocos de carnaval locais, surgidos na garagem, de forma inocente, mambembe e lúdica, e acabaram conquistando a “massa”, o que é inevitável. Até porque “quem está na chuva é pra se molhar”. Esperamos que estratégias sejam pensadas por quem organiza a Só Safados, mas um apelo faço: “o bloco não pode deixar a sua legião de fãs eufórica orfã”.
Se a ideia é descentralizar, levando o Carnaval para dentro das comunidades, isto é tema para ser discutido em um Fórum após a Quarta-Feira de Cinzas. A Só Safados têm que lembrar que o ‘start foi dado’ no estímulo para que outros blocos sejam criados com a iniciativa de revitalizar o Carnaval de Rua de São Luís, conscientizando o folião tradicional ou moderno, novo ou velho, purista ou não, que o seu papel é ocupar o espaço público com alegria, criatividade, com afeto, respeito, e acima de tudo ter consciência que brincar “Carnaval é também um ato político”.