Carnaval é pura diversão, mas “é também a festa da “contestação e subversão”. “Não é a contestação do beijo forçado e da nudez sexista, que reproduz o cotidiano de nossa sociedade machista e violenta, mas a contestação que nunca é convidada para festas da “Casa Grande”. Por isso, o Carnaval não é apenas a arte da libertação. Também é a do incômodo”.
O Carnaval se foi e na minha mente a Segunda-Feira Gorda de Carnaval, no BLOCO BOTA PRA MOER, idealizado pelos Criolinas, Alê Muniz e Luciana Simões, que me convidaram como o DJ de estreia da brincadeira cheia de maranhensidade, ao mesmo tempo de mundanidade. Uma farra histórica, com direito a manifesto contra o assédio, a presença dos ilustres maranhenses dos Fuzileiros da Fuzarca, Rosa Reis, Tião Carvalho, além da “lady” carioca, Elza Soares, que conheceu o “PLANETA FOME”, mas subverteu a ordem com a sua voz estonteante, a musicalidade cheia de texturas e sem prazo de validade. Opa ! uma noite de gente negra com negra melodia.
Emocionante
A minha primeira emoção veio quando a vi no “backstage” dentro de um carro a espera de subir no trio. Mesmo em uma cadeira de rodas e com o auxílio de um objeto que parecia um guincho, uma escada. A única coisa que sei é que que a artista que conviveu com o preconceito, a pobreza extrema, foi apedrejada, mas não sucumbiu, chegou lá, no topo. E com um show econômico, em um trio parado, a Mulher do Fim do Mundo foi ovacionada pela onda humana que acompanhava o bloco, desde a concentração na praça Maria Aragão até à dispersão na Praça dos Catraeiros, na Praia Grande.
É simples definir a participação singular de ELZA SOARES no Carnaval de São Luís: “a carne mais barata não é a carne negra” é “a voz brasileira do milênio”. A Mulher do Fim do Mundo. A voz nunca que vai se calar”.