Programação do Abril Indígena tem início nesta quarta, em SLZ

Tem início nesta quarta-feira (18/4), às 15h, com a palestra “Rituais Amazônicos e Gestão Territorial: a Experiência dos Gavião com Maycom Melo, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, na Praia Grande, a programação do Abril Indígena começando por São Luís e se estende aos municípios de Raposa e São José de Ribamar.

Criança Tenetehar. Foto: Taciano Brito

Organizações não governamentais, artistas, fotógrafos e lideranças indígenas, com apoio do poder público, reúnem forças para levar ao público a cultura e a resistência dos povos indígenas no Maranhão com uma programação em escolas, Institutos de Ensino Tecnológicos, centros culturais e pontos de cultura dos três municípios localizados na região metropolitana da capital maranhense.

Celebração

Marco simbólico da resistência e importância dos povos originários como referência e gênese da memória nacional, o Abril Indígena irá promover diversas ações e reflexões sobre os povos indígenas no Maranhão e sua viva e longa trajetória de luta pela manutenção das tradições ancestrais. A programação traz palestras, roda de conversas, exposição fotográfica e etnográfica, exibição de filmes, ações em escolas e lançamento de campanha, mostra fotográfica e cd com cantos Awá-Guajá.

– Esse evento está diretamente conectado com a mobilização nacional indígena que acontece anualmente em Brasília, denominada Acampamento Terra Livre, onde lideranças indígenas de todo o país se reúnem para traçar estratégias de luta e reivindicações nas diversas áreas da política indigenista nacional – esclarece o antropólogo João Damasceno Figueiredo, coordenador da Associação dos Amigos da Causa Indígena no Maranhão (Acima).

Especialmente convidados para o Abril Indígena pela OCA Maranhão, 13 lideranças Awá-Guajá estarão presentes para o lançamento da campanha e mostra Viva Awá Guajá, que tem como objetivo ajudar a contar a sua história e o momento de transição que estão vivendo, desde que os contatos com a sociedade envolvente tornaram-se mais frequentes.

A Campanha será lançada oficialmente no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho (CCOCf), na Praia Grande, onde também será lançado o CD de cânticos produzidos pela FUNAI com o apoio do Museu do Índio.

O sertanista, indigenista e etnógrafo, considerado a maior autoridade com relação aos povos indígenas isolados do Brasil, Sidney Possuelo, participará de uma roda de conversa com o público e a antropóloga Elisabeth Coelho, onde falará sobre sua experiência ao longo de uma vida dedicada aos povos indígenas.

Possuelo começou sua carreira ajudando os famosos irmãos Villas Boas com o seu trabalho entre os povos indígenas da região do Rio Xingu. Ele foi o homem que, nos anos 1980, mudou todo o conceito sobre a melhor maneira de proteger os índios brasileiros.

Até então, toda a política da FUNAI era baseada no contato, seguindo os ensinamentos do marechal Cândido Rondon e dos irmãos Villas-Boas. Mais tarde, Possuelo se tornou o fundador da Coordenação Geral de Índios Isolados, o setor da FUNAI que é responsável por proteger os últimos povos isolados das doenças e da violência trazidas pela sociedade.

Para o indigenista que trabalhou nas áreas isoladas da região amazônica e liderou diversas expedições, tendo entrado em contato com tribos isoladas no Brasil, mais importante que entender sobre a questão indígena, é respeitá-los.

– Os homens que conheci, sertanistas ou indigenistas, que fizeram diferença na questão indígena, foram os que fizeram da causa indígena uma missão, como um sacerdócio no que ele pode ter de melhor. Porque mais, muito mais importante que entender, é necessário respeitar. Respeitar, mesmo que o distante passado dificulte o entendimento – compartilha o sertanista.

Sidney Possuelo foi responsável, entre outras ações, pela restauração de contato pacífico com o povo Korubo e colaborou na identificação do indígena Awá-Guajá, Carapiru, que fugiu da ação de madeireiros e fazendeiros na Terra Indígena Awá-Guajá, tendo andado até a Bahia, permanecendo por lá por dez anos, até sua etnia ser identificada, e assim pode retornar ao seu povo.

A programação contará ainda com a presença das lideranças indígenas Tremembé, do município de Raposa, Rosa e Durval Tremembé, que participam da palestra “Cultura e Resistência dos Povos Indígenas do Maranhão”.

Os Tremembé são indígenas originários do litoral do nordeste, que habitam os estados do Ceará e Maranhão (Tutóia e Raposa). Os ancestrais Tremembé chegaram em Raposa no início da década de 60 e ajudaram no povoamento e desenvolvimento do município. Atualmente são cerca de 180 integrantes.

Os Tremembé são exímios mergulhadores e vivem da pesca ao longo do litoral. Rosa Tremembé é exemplo do indígena contemporâneo. Ela é mestranda em Cartografia Social e Política da Amazônia, pela Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e participa de encontros indígenas por todo o Brasil.

Itinerância

A Galeria de Artes Visuais da UFMA recebe a exposição fotográfica e etnográfica” Povos Indígenas no Maranhão: A Arte de Resistência “.

Participam da exposição o antropólogo João Damasceno Figueiredo, o arqueólogo Deudédit Carneiro e o fotógrafo Taciano Brito, que apresentará otrailler de seu filme “Iwazayzar – Gardiões da Natureza”.

O público poderá conferir a outra exposição integrante do Abril Indígena, “Etnografia Visual: Ritos de Iniciação Guajajara e Canela”, no Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho. São fotografias do antropólogo Adalberto Rizzo e do fotógrafo Márcio Vasconcelos.

A programação é aberta ao público que poderá vivenciar um pouco da cultura ancestral indígena do Maranhão. Para um dos organizadores deste momento, o Diretor do Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão, órgão vinculado à Secretaria de Cultura e Turismo (Sectur), Deusdédit Carneiro, encontros como estes são essenciais para a promoção da cultura indígena no estado e diminuição do preconceito, especialmente quando envolvem instituições de ensino.

Realizam o Abril Indígena o Centro de Pesquisa de História Natural e Arqueologia do Maranhão (CPHNAMA), a Associação dos Amigos da Causa Indígena do Maranhão ( ACIMA), a Oficina de Comunicação e Arte do Maranhão (OCA Maranhão) e o Grupo de Estudos da Memória, Artes e Etnicidade (Gmae), com o apoio do Governo do Maranhão por meio das secretarias de Estado da Cultura e Turismo (Sectur), Direitos Humanos e Participação Popular (Sedhipop), do Centro de Criatividade Odylo Costa filho e Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho, do Arquivo Público do Estado do Maranhão e Casa de Nhozinho; a Fundação Nacional do Índio (Funai), da Universidade Federal do Maranhão ( Ufma) e da Maramazon.

Programação

Dia 18/4 (quarta-feira)

15h – Palestra: Rituais Amazônicos e Gestão Territorial: a experiência dos Gavião – Maycom Melo.
Local: Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Praia Grande)

16h30 – Abertura da Exposição Etnografia Visual: Ritos de Iniciação Guajajara e Canela
Local: Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho (Praia Grande)

19h – Abertura da Exposição Povos Indígenas no Maranhão: A Arte de Resistência
e Exibição do trailler do filme: Iwazayzar – Gardiões da Natureza, de Taciano Brito
Local: Local: Galeria de Artes Visuais da UFMA – Rua Dr. Humberto de campos 174, Praia Grande.

19/4 (quinta-feira)

9h30 – Palestra: Cultura e Resistência dos Povos Indígenas no Maranhão – João Damasceno, Rosa e Durval Tremembé
Local: IEMA /São José de Ribamar – Estrada de Panaquatira

15h – Palestra Rituais e Territorialidade entre os Tenetehara – Elson Gomes
Local: Centro de Cultura Popular Domingos Vieira, filho/ Praia Grande

16h30 – Mostra de vídeos Etnográficos
Local: Auditório Rosa Mochel – CCPDVF

17h – Abertura da Exposição Fotográfica: Viva Awá-Guajá (para convidados)
Local: OCA Maranhão – Rua Sto. Antônio. 97 – Centro

19h – Apresentação de Cantos do Povo Awá-Guajá e Lançamento da Campanha e do CD
Local: Anfiteatro Beto Bittencourt – Centro de Criatividade Odylo Costa, filho

DIA 20/4 (sexta-feira)

14h – Mostra de Vídeos Etnográficos
Local: Auditório Rosa Mochel – CCPDVF

19h – Roda de conversa com o Indigenista Sydney Possuelo e a Antropóloga Elizabeth Coelho
Local: Sala de Multimídia – Centro de Criatividade Odylo Costa, filho

21/4 (sábado)

17h30 – Exibição e debate com os Tremembé sobre o documentário “Suaçuamussuará: O tempo antigo acabou mas tudo permanecerá”.

20h30 – Encerramento Cultural do Abril Indígena

Local: Casa D’Arte – Rua do Farol do Araçagi – Raposa.

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