Para os que fecham os olhos, tapam a boca, o nariz, simplesmente, por conta de um pré-julgamento precipitado, o DNA do gênero jamaicano tem elo com a mãe África. É filho legítimo e negro, do bumba meu boi, do tambor de crioula, do cacuriá e do tambor de mina, numa constatação que as culturas não são estáticas e que toda essa polirrítmia é produto da diáspora africana.
Em linhas gerais, o reggae surgiu como uma espécie de ‘grito’ de uma classe marginalizada na Jamaica e fixou morada pras bandas de cá, sabe lá como. Sei que ele é digerido de forma diferente, cheio de particularidades, efervescente e, às vezes, polêmico, principalmente, por aqueles que controlam a cadeia produtiva e político-social do gênero na Jamaica Brasileira.
Como todo e qualquer negócio, os interesses existem, mas as peculiaridades do movimento reggae na cultura ludovicense, em verdade, são resultados da dinâmica social e comportamental da própria cidade.
Aqui consumimos e cultuamos com mais consistência o reggae que vem da radiola e não de bandas, embora exista um movimento de músicos orgânicos e afinados com o gênero pipocando pelos quatro cantos da cidade.
Em meio a resistência e turbulências, o gênero musical originário da África, ganhou visibilidade global na Jamaica, desembarcou em território maranhense, para criar raízes e uma identidade cultural tão profunda, heterogênea, aliada ao poder mercadológico e midiático.