Dez anos de música e ecoturismo no Lençóis Jazz & Blues Festival

São Luís e Barreirinhas são dois polos turísticos maranhenses que recebem pessoas de todo o mundo. E uma das formas de incentivar cada vez mais essa expansão, por meio cultural, do entretenimento, aliada também a outras áreas, como a gastronomia e o meio ambiente, veio com o Lençóis Jazz & Blues Festival, idealizado e organizado pela TUTUCA PRODUÇÕES.

Tulipa Ruiz e banda na Concha Acústica, em 2017. Foto: Ascom/Festival

Este ano, o festival chega em sua décima edição. E pelo andar da carruagem, o evento veio para se consolidar no calendário cultural do Estado. Em entrevista a este Blog, Tutuca Viana disse que a versão deste ano será festejada de forma diferente. Afinal de contas, são dez anos de um festival construído à base de um sonho, perseverança e o apoio de vários parceiros.

Liz Rosa e a maranhense Tássia Campos. Foto: Ascom/Festival

Segredo

Questionado sobre o que tem de diferencial na festa de uma década de existência do Lençóis Jazz & Blues Festival, Tutuca não abriu de vez o jogo . De maneira lacônica, ele garante a presença de um novo palco na área externa da Concha Acústica, em São Luís, e uma exposição fotográfica.

Paulinho Moska, em Barreirinhas. Foto: Ascom/Festival

O resto você fica sabendo nesta sexta-feira, dia 27 de julho, quando será divulgada a programação oficial das edições de Barreirinhas, entre os dias 10 e 12 de agosto, e São Luís, 17 e 18 de agosto.

O lançamento será no palco do Teatro Artur Azevedo, com show da cantora de jazz carioca, Leila Maria, intitulado “TUDO É JAZZ”. A entrada é 1 Kg de alimento não perecível.

Carlos Malta e Banda. Foto: Ascom/Festival

PEDRO SOBRINHO – Como nasceu a ideia de formatar um festival de Jazz e Blues, dois estilos musicais ortodoxos, fechados, nascidos e criados pelos americanos do Norte, para o Maranhão cuja a Cultura Popular é consistente e resistente ?

TUTUCA VIANA – Sempre fui muito ligado em projetos. Quando tive a oportunidade de ir ao festival de Montreux na Suiça, em 1999, fiquei com essa ideia fixa. Mas só depois em 2009 que tive coragem, pois tinha feito no ano anterior minha primeira produção, que foi a gravação do meu DVD Melodias no Teatro Artur Azevedo. Na época, Alcione que foi uma das minhas convidadas me disse que eu tinha talento pra isso. Nem pensei muito sempre quis fazer algum projeto em Barreirinhas e tinha a certeza que ia ser muito bacana, unir natureza e música de qualidade na terra do bumba meu boi e do tambor de crioula.

PEDRO SOBRINHO – O que significa pra você festejar dez anos de Lençóis Jazz e Blues ?

TUTUCA VIANA – Na realidade, às vezes nem acredito. Ter uma ideia e envolver pessoas de várias origens, várias profissões, acreditar e trabalhar com amor, dedicação, em um sonho, e torná-lo realidade e a cada ano melhor. É muito gratificante !

Só tenho agradecer a nossa pequena equipe familiar que é a célula até hoje. Sem minha esposa Renata, sem Ivaldo Torreão que fez comigo o primeiro projeto, sem Patricia Santiago e o seu marido, Rogério Silva, nada disso teria acontecido. Claro, que tem muita mais gente que se envolveu ao longo desses 10 anos, principalmente, a Cemar, a empresa que patrocinou a primeira edição e continua até hoje.

PEDRO SOBRINHO – Você sente que nesses dez anos o festival se consolidou e já faz parte do calendário cultural do Maranhão?

TUTUCA VIANA – Acho que sim. Todos esperam pelo festival que já é referencia no Brasil. Quem fala isso são os próprios artistas que já passaram por aqui. Isso é bom para todos.

PEDRO SOBRINHO – O Lençóis Jazz e Blues Festival está entre os melhores festivais do gênero no Brasil ?

TUTUCA VIANA – Acho que sim,vou em vários festivais do gênero pelo Brasil e o nosso é super bem falado pelos produtores e artistas. Já faz parte desse circuito de grandes festivais de jazz e blues pelo Brasil.

PEDRO SOBRINHO – Qual o sentimento dos músicos que já passaram pelo festival em tocar seja em São Luís ou Barreirinhas ?

TUTUCA VIANA – Tenho vários depoimentos incríveis e espontâneo. O músico americano, JJ Jackson, quando subiu ao palco na Beira-Rio, em Barreirinhas, disse “My Good”, fazendo uma comparação do Rio Mississippi o nosso belo Rio Preguiças.

Além de vários artistas da nossa ilha que debutaram no palco do festival e hoje fazem sucesso em toda parte. A lista é longa. Afinal mais de 500 entre músicos e artistas solos já passaram em nossa programação.

PEDRO SOBRINHO – O que essa edição de dez anos traz de novo para os adeptos do festival ?

TUTUCA VIANA – Este ano o diferencial é um novo palco na área externa da Concha e uma pequena exposição fotográfica, além claro de grandes nomes nacionais, internacionais e do Maranhão.

PEDRO SOBRINHO – São dez anos de festival. O que você tem vontade de fazer, dentro da programação, que não fez ainda por algum tipo de limitação ?

TUTUCA VIANA – Na realidade temos uma limitação orçamentária como todo projeto. Mas se olharmos pra trás o festival era fechado e tínhamos que cobrar ingressos para pagarmos as despesas.

Quando a Lei de Incentivo do Governo começou a funcionar, botamos o festival na rua, que era o nosso sonho fazia tempo. E claro foi um sucesso surpreendente de público e crítica. A cada ano conquistamos novos apoiadores. Acho que limites sempre vamos ter por conta de orçamento, mas entendo que criatividade supera tudo isso.

PEDRO SOBRINHO – De que forma o festival tem contribuido na cadeia turística do Maranhão, tendo em vista a realização dele nas cidades de São Luís e Barreirinhas, dois polos turísticos imponentes do Estado ?

TUTUCA VIANA – Quando fizemos a primeira edição foi em outubro 2009. Depois passamos para o mês de agosto, em Barreirinhas, pois em julho já era alta estação, e não iria acrescentar nada a cidade, que já ficava lotada naturalmente. Levamos o festival para São Luís em 2011.

Acredito muito em eventos bons e criativos para motivar as pessoas a ver de perto, consequentemente, visitar a cidade, onde é feito o festival. Hoje se você não se programar com antecedência não consegue se hospedar em Barreirinhas no período do festival.

Em São Luís já tivemos público de 10 mil pessoas em dois dias de festival. Recebemos gente do mundo todo, russos, japoneses, italianos, espanhóis e muita gente de outros estados brasileiros que vem curtir o festival.

PEDRO SOBRINHO – Os jazzófilos mais sisudos cobram que um Festival de Jazz não tem que se misturar com outras vertentes musicais. Você abriu o leque no ano passado trazendo a cantora paulistana Tulipa Ruiz. Pegando carona na frase do músico Jorge Vercilo: “o grande caminho para o universo é a diversidade” ?

TUTUCA VIANA – Na realidade hoje em qualquer festival de jazz e blues do mundo você tem o conceito, mas você mistura um pouco de tudo.

Nosso jazz é a bossa e o choro, como não incluir em nossa programação?? Aliás, o festival é uma grande mostra cultural de vários países e também do nosso lugar, onde damos voz e vez a cada edição aos grandes talentos do Maranhão. Mas, nunca deixamos de pelo menos tentar surpreender as pessoas com uma programação diversificada honesta e, principalmente, de bom gosto.

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