Com direção de Marcelo Flecha e como protagonista, o ator Cláudio Marconcine, “A Pequena Companhia de Teatro” apresenta o novo espetáculo ‘EXTRATO DE NÓS’ de quinta (24/1) a sábado (26/1), às 19h, na sede da Pequena Companhia de Teatro (Rua do Giz, 295 – Centro, São Luís.
SOBRE O ESPETÁCULO EXTRATO DE NÓS
A ideia da montagem surgiu em 2012, através do projeto “A Memória dos outros: montagem e temporada de espetáculo-solo atoral”, aprovado por edital público federal.
A ORIGEM
Quem somos nós e para onde iremos é sempre uma máxima que faz com que eu me aproxime da contemporaneidade e do total reconhecimento por um trilhar margeado por terreno lodoso. É sempre um território de fronteira que me faz desterritorializar por onde passo, por onde vivi e vivo.
Relação de pertencimento e identidade são palavras difíceis de compreender, pois as relações se fizeram através das pessoas que conheci, e não com o espaço físico em que eu me encontrava. As relações eram outras.
Meu nomadismo e minha solidão acompanhada me fizeram alguém que não se constituísse enquanto ser com identidade, mas sempre em processo. Tive algumas experiências substanciais para compreender como o espaço físico interfere na vida das gentes: Dani Lima (RJ) e Dudude Herrmann (MG) me abriram os olhos para o espaço na dança, dançar o espaço que se apresenta. Suas retas, sua simetria. O Butô também me mostrou isso além de incorporar a ancestralidade, isto é, as pessoas também são importantes, as memórias das pessoas que nos fizeram ser o que somos.
Em São Paulo, em contato com Luís Louis, em uma atividade de formação, era necessário que a gente buscasse na lembrança, uma memória que quiséssemos compartilhar com os outros, na perspectiva do teatro físico, utilizando-se da mímica corporal dramática e a clássica também. Enfim, que mostrássemos uma memória. Engraçado como foi difícil para eu encontrar uma.
No primeiro momento minha dúvida era saber se seria oportuno compartilhar uma memória triste ou feliz. O pior foi constatar a inexistência de memórias para compartilhar. Eu não tinha memória!!!
Absolutamente nada que pudesse compartilhar; alguma coisa significativa que fizesse emocionar a mim e/ou aos outros, algo importante a ponto de… lembrar… E me lembrei que lembranças boas ou ruins escamoteiam uma certa desolação do viver cotidiano, do hoje. Isso tudo repercutiu na minha vida a ponto de não ter memórias para mostrar. Puxei e repensei, até encontrar alguma coisa, bem lá da infância, quando criança que vive e pronto, sem se preocupar com as coisas de gente grande.
A apresentação se fez, mas não se fez. Mostrei-me, mas não me mostrei. Essa dubiedade duvidosa recupera a não-
relação de pertencimento que tinha/tenho com as cidades que morei/moro.
E naquele momento, em São Paulo, vendo as memórias revistas pelos outros, tudo acabou sendo minhas memórias, porque hoje me lembro delas, lembro das pessoas que me contaram e como contaram. Agora, essas memórias fazem parte de mim.
Os espaços que morei se transformaram em saudades de algo que não se fixou, algo que não se efetivou; só a lembrança de não ter estado, efetivamente, presente. Então, resta-me construir uma memória outra a partir das memórias dos outros, e buscar nas apresentações, uma ressignificação do espaço, criar afinidade e pertencimento com eles, com os que ficaram.
A forma de executar tal proposta não poderia ser de outra maneira que não o teatro físico, em que a ficção se confunde com o real, e a personagem dá lugar à persona; eu, os outros e os espaços que nos cercam.
AS MEMÓRIAS
O formulário, disponível em plataforma virtual, constituía de 8 perguntas, e que foram respondidas por 25 pessoas. As respostas foram sistematizadas e contempladas no roteiro do espetáculo. Comumente, as memórias são de pessoas que já se foram ou um certo saudosismo excessivo, em que sentiam uma necessidade de recuperação do tempo.
O ESPETÁCULO
Um homem espera a hora de sua partida. O tempo/ritmo não é seu aliado. Esse não-lugar torna-se impossível de ser habitado. Sobreviver nesse território de passagem acaba
sendo sua única alternativa.
Quando nada mais resta a não ser habitar o espaço com memórias; entre a partida e a chegada, o não-lugar. As lembranças são recuperadas e repercutem na ocupação desse espaço, de dentro passa para fora e se retroalimenta. Essa é a história d’ELE.
O espetáculo-solo é vivido através de quadros, relacionando às memórias, que são recortes de um espaço no tempo. Como o nascer e o morrer, um ciclo, as ações se iniciam e terminam, onde as memórias que o habitam, articula, altera suas atitudes, formula suas ações.
SOBRE O ARTISTA
Cláudio Marconcine: Licenciado em Letras pela UEMA e especialista em Representação Teatral pela UFPB. Em dança, fez atividades formativas com: Maura Baiocchi, Dani Lima, Marcelo Evelin, Dudude Herrmann, Daniel Matallana, Mariana Muniz. Em teatro, atividades com: Antonio Abujamra, Luis Louis, Mauricio Abud, Eugenio Barba, Julia Varley, Vinícius Piedade, Silvana Abreu, André Capuano, Bruna Longo, Nezito Reis.
Em circo, Ricardo Puccetti, Ciléia Biaggioli, Fernando Vieira, Alexandre Luis Casali. Membro da Pequena Companhia de Teatro, atuou na maioria de suas encenações.
SOBRE A PEQUENA COMPANHIA DE TEATRO
A Pequena Companhia de Teatro, em atividade desde 2005, concentra a trajetória dos seus componentes no desenvolvimento de uma linguagem que potencialize seus conteúdos e na democratização do acesso a esses resultados através de debates, oficinas e circulação dos seus espetáculos.
É a realizadora dos espetáculos: Velhos caem do céu como canivetes (2012), com dramaturgia e encenação de Marcelo Flecha, inspirado na obra Un señor muy viejo com unas alas enormes, de Gabriel García Márquez; Pai & Filho (2010), livre adaptação da obra Carta ao Pai, de Franz Kafka; Entre Laços (2009), de Gilberto Freire de Santana; O Acompanhamento (2005), de Carlos Gorostiza.
EXPEDIENTE
Apresentações nos dias 24, 25 e 26/01/2019 (quinta, sexta e sábado)
Horário: 19h
Valor: R$ 30,00 (casadinha paga R$ 40,00 e lista amiga, através das sociais, paga meia).
Ingressos vendidos antes das apresentações.
Local: Sede da Pequena Companhia de Teatro (Rua do Giz, 295 – Centro, São Luís –MA)
Público reduzido.
Maiores informações: (98) 92000-3992.