Policial cidadão tem que dialogar com a comunidade

Se observarmos bem, fica patente que alguns políciais privilegiam a autoridade, em detrimento da legalidade. Qualquer forma de contestação é insuportável para eles. Isso é uma afronta à sua autoridade, que nessa hora prevalece sobre o princípio constitucional da liberdade de expressão.

Espaço Cultural Trem das Onze. Foto: Divulgação

Não podemos esquecer que o embrutecimento contribui para a banalização e o crescimento da violência, reforça todo tipo de preconceito, desrespeita às leis e comunga com a corrupção. Em muita das vezes, policiais com uma visão deturpada abusam do poder da autoridade, principalmente, quando se aproximam de um cidadão ou local, rotulados de maneira preconceituosa e mal intencionada por alguns soldados em diligência, como vulneráveis.

Na condição de jornalista, só agora resolvi me posicionar sobre o ocorrido no Espaço Cultural Trem das Onze, localizado na avenida Beira-Mar, em frente ao prédio da RFFSA. Antes, procurei cumprir os princípios do código de ética da profissão, que é o de apurar os fatos com as pessoas que estavam no local, agir com responsabilidade e imparcialidade, concedendo espaço, também, as autoridades responsáveis pela Segurança Pública do Estado, policiais envolvidos no imbróglio, para que se justifiquem.

Pânico

Uma operação policial, que aconteceu no início da madrugada de sábado (23/2), no Espaço Cultural Trem das Onze, segundo relatos, nas redes sociais, gerou descontentamento pelo descontrole emocional, a maneira truculenta, recheada de argumentos sem fundamentos, conforme a maioria dos depoimentos, por parte de alguns militares fardados, que entraram no ambiente com o objetivo de acabar com um baile que fora realizado no local.

Precisamos da cumplicidade e respeito mútuo com a polícia, mas quando ‘ela sabe separar o joio do trigo’, e usa o bom senso ao exercer seu papel de polícia cidadã.

Para as testemunhas, o episódio só demonstra e escancara os equívocos, a truculência, o despreparo e a intolerância de alguns policiais que estavam na operação. “Faltaram dois princípios básicos de cidadania: a educação e o diálogo por parte dos homens da polícia”, ressaltou uma das vítimas da agressão e que comungava do Baile dos Fuleiros, nome sugestivo criado por artistas pensantes, aproveitando o Carnaval como uma festa popular, democrática e do livre arbítrio para criatividade.

Segundo comentários de quem estava na festa, não era necessária toda aquela encenação dos militares, pois a festa já tinha terminado. Três perguntas que não querem calar: Por que foram acionadas diversas viaturas como se ali estivesse em um campo de guerra ? Por que jogaram ‘spray de pimenta, um jovem advogado foi ameaçado e um dos policiais resolveu sacar da arma e atirar para cima assustando a todos que lá estavam ? Qual o motivo para prender a dona do estabelecimento, tendo, em vista que a festa já tinha acabado, conforme, foi exigido pela primeira guarnição da PM que esteve, anteriormente, no local, e, segundo quem estava no local, em momento algum ela ofereceu resistência ou desacatou às autoridades de plantão ? São perguntas que merecem respostas, pois o caso foi tão ‘bizarro’, segundo as testemunhas que foram até o Distrito Policial, nem o delegado de plantão deu importância a justificativa dos militares.

Como frequentador, admirador, e aoiador das produções do Espaço Cultural Trem das Onze, o objetivo é transformar o local em mais um espaço de Resistência Cultural, estimulando a cadeia produtiva, absorvendo diversas linguagens artísticas, para se fazer arte com inteligência e criativdade nesses tempos bicudos. E mais, em um país com mais de 12 milhões de desempregados, o Espaço Cultural Trem das Onze se posiciona como uma frente de trabalho.

Procurei a dona do estabelecimento e questionei com ela se estava com os documentos essenciais para o funcionamento da casa. Ela respondeu que, por enquanto, possui o alvará provisório, mas que está providenciando os outros exigidos por lei, mas que esbarra na burocracia ‘burra’, ainda, predominante no Estado.

Quanto ao evento, que aconteceu na última sexta-feira (22/2), foi promovido por artistas, profissionais liberais, enfim, trabalhadores, que foram apenas levar arte, poesia e amor a pessoas ávidas por música e quase são vítimas de uma tragédia provocada por quem é paga para nos proteger.

A gente espera que caso como esse não se repita, principalmente, com quem está trabalhando honestamente e contribuindo para o desenvolvimento do Estado.

Nós que fazemos à noite em São Luís, exigimos Poder Público que reveja esta questão de fiscalização nos bares da cidade. Entendemos que deve ser feita por pessoas especializadas no assunto e não por policiais. Em caso de irregularidades, o dono do estabelecimento seria notificado e teria que resolver suas pendências com o Estado. Quanto a polícia é para quem realmente precisa de Polícia !

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