O Carnaval do Circuito da avenida Beira-Mar, promovido pelo Governo do Maranhão, em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e a Prefeitura de São Luís, foi o espaço da alegria, do lúdico, da fantasia, da Cultura de Paz, de críticas política, social e da música para todos os gostos.
O local se legitima como o mais novo ponto de encontro do folião maranhense e de quem vem de qualquer outro canto do país e do mundo, pelo cenário cercado de história, movido por bangalôs, prédios imponentes, e o melhor exemplo é o da antiga RFFSA, as águas do Rio Anil, além das diversas formas de se fazer Carnaval.
Um dos fatores significativo do Carnaval em São Luís é que ele mantém as suas peculiaridades e buscou se adequar a esta nova ordem e modelo rentável de se fazer Carnaval no Brasil. Enfim, as duas coisas têm funcionado harmonicamente. E o reflexo pôde ser visto positivamente nos três dias de festa na avenida Beira-Mar.
Pluralidade
Ser brasileiro não significa compartilhar todos os aspectos culturais, mas sim conviver na diversidade, respeitando as formas de vida e de expressão uns dos outros.
Carnavalizando
Quem foi para se divertir, aproveitou com as atrações locais e nacionais, como o bloco Lamparina, que trouxe Chico César e Lucy Alves, que embora não tenha chegado a tempo para o brincar no bloco por atraso no voo que trazia ela para São Luís. Mesmo assim, no dia seguinte, Lucy prestigiou o público com um grande show.
O músico paraibano, Chico César, já esteve no carnaval de São Luís. Há dois anos dividiu o palco com Zeca Baleiro. Agora, ele voltou, manteve o repertório conhecido no país todo, e mostrou o seu engajamento social durante apresentação no corredor da folia.
– Pra gente é alegria, mas também de tocar temas que trabalhamos o ano inteiro, como as questões do negro, da mulher, das minorias, coisas do nosso cotidiano – disse Chico César antes de subir ao palco.
No segundo dia, o Bloco Bota Pra Moer, comandado por Alê Muniz e Luciana Simões, reuniu uma gama de brincadeiras locais, tais como o DJ Jorge Choairy, os blocos Serpentina e Só Safados, Baré de Casco, além do lendário Moraes Moreira, para uma grande celebração carnavalesca, em que o músico baiano relembrou antigos carnavais com um repertório de sucessos, como Preta Pretinha, Brasil Pandeiro, Samba da Minha Terra, Pombo Correio, entre outros.
E o Maranhão, em especial o povo ludovicense, só agradece a presença e os elogios feitos por Moraes Moreira, em sua página no Facebook da participação dele no Carnaval da Ilha.
– Neste momento estou em Brasília, em conexão para São Luís do Maranhão, onde farei uma participação no bloco “BOTA PRA MOER”. Há mais três anos venho recebendo este convite, sempre declinando para priorizar o Carnaval Baiano. Mas, este ano, resolvi aceitar, com prazer,
Haverá sempre um chato, perguntando: Vai trocar a Salvador por São Luís? E eu respondo parafraseando a canção de Caymmi: “Você já foi ao Maranhão? Conhece a cultura de lá, sabe o que é “Boi de Zabumba, Boi de Matraca, Boi de Orquestra, sabe o que é Tambor de Criola?
Já ouviu falar da conexão São Luís-Jamaica traduzida na Cultura do Reggae? Conhece pelo menos o Poema Sujo de Ferreira Gullar? Ah! mas a nossa grande Alcione, uma das maiores cantoras, não tenho dúvida.
Há também outras expressões nacionais como Zeca Baleiro, Rita Benedito, nosso grande João do Valle e a força regional que conta inclusive com sambistas, poetas e compositores. Carcará, pega Mata e Come esses desinformados – alerta Moraes.
Polirrítimica
E no último dia, a festa contou com a presença do Bloco Bittencá e Acolá, comandado por Flávia Bittencourt, que recebeu como convidada a cantora e compositora mato-grossense, Vanessa da Mata.
Pela primeira vez, no Carnaval da Ilha, Vanessa agradeceu o convite feito pela cantora maranhense Flávia Bittencourt, e como uma artista polirrítimica disse ser prazeroso participar de uma farra cheia de diversidade, se referindo ao carnaval maranhense.
Acompanhada de Flávia Bittencourt, Vanessa pungou com a riqueza e tradição do tambor de crioula, que aos desavisados, é uma manifestação atemporal e Patrimônio Imaterial do Brasil.
Outras atrações
E no pluralismo do circuito Beira-Mar, teve o Bloco Samba, Carnaval e Argumento. Dudu Nobre e Arlindinho, filho do sambista Arlindo Cruz, se uniram ao Grupo Argumento no show de encerramento. O couro comeu com muito samba de raiz deixando um mar de gente em delírio.
O Carnaval de Todos, também, contou o tradicional Carnaval de 2ª do Laborarte, festejando 31 anos de pura Resistência Cultural, dezenas de atrações, entre a Casinha da Roça, blocos tradicionais, blocos afro e do reggae, além de grupos de samba locais, tambor de crioula, que fizeram barulho no Circuito Beira-Mar e outros pontos de folia na Madre Deus e no Ceprama.
Não se pode deixar de mencionar o Carnaval da Passarela do Samba, no Anel Viário, que resiste ao tempo com as escolas de samba, que representam as comunidades tradicionais e carnavalescas de São Luís.
Modernidade versus Tradição
A partir do carnaval podemos pensar como a cultura se desdobra em culturas, e como não há uniformidade dentro de nenhuma cultura. A diversidade é uma riqueza que devemos preservar, respeitar e valorizar. Agora, jamais esquecer que não existe o conceito ‘segregacionista’ entre o que representa modernidade e tradição. Aprendi nos livros que “as duas são filhas da mesma mãe”. Por isso, devem andar, sempre, de mãos dadas.
Fonte: imagens da TV Mirante