Chico Maranhão relata sua história com a música em Contradições

O Maranhão é berço de grandes compositores que se encontram patenteados no “MAINSTREAM” da Música Popular Brasileira feita com independência. E entre esses nomes destaque para o ludovicense, Francisco Fuzzetti de Viveiros Filho, conhecido no meio artístico nacional, como Chico Maranhão.

Contradições é o novo disco de Chico Maranhão. Foto: Divulgação

O músico entrou para o imaginário do País no 3º Festival de Música Popular Brasileira, realizado no ano 1967, com um frevo que colocou a plateia para dançar com “GABRIELA”, abrindo guarda-chuvas no interior do Teatro Record (SP), interpretado pelo conjunto MPB-4.

Chega a ser irônico que o momento de maior projeção da carreira de Chico Maranhão tenha sido gerado por um frevo. Apesar de ter acertado o passo do ritmo pernambucano, o cantor, compositor, violonista e entusiasta do tambor de crioula e bumba meu boi, está, literalmente, associado ao universo musical da cidade natal, São Luís. Mesmo com o sucesso de Gabriela e a carreira sedimentada por outras músicas e shows, acabou deixando São Paulo, depois de alguns anos em convivência com a Arquitetura, na Paulicéia Desvairada. E como bom filho à casa sempre torna.

Em 1996, já em São Luís, reencontrando suas raízes, Chico lançou o CD “Ópera Boi – O Sonho de Catirina”, gravado no Teatro Arthur Azevedo. Em 1997, lança outro CD, “São João, Paixão e Carnaval”. E assim os shows, e os CDs vão se sucedendo, um após outro.

Contradições

No ano passado, o cantor e compositor, Chico Maranhão, que voltou a morar em SP, resolveu costurar sua história musical, em “CONTRADIÇÕES”.

E na quarta-feira (20/3), tive acesso ao disco, gravado no Sonora Studio São Luís, entre Janeiro de 2013 e Maio de 2014, em São Luís. Com a participação de um time de músicos locais, ele gravou o álbum duplo, ora lançado pela gravadora Kuarup, com repertório inteiramente autoral formado por 22 músicas, entre as quais, duas regravações: “PONTO DE FUGA”, que foi regravada em 2005, no estúdio Mickael, em São Paulo, um samba bem antigo, com releituras feitas por Cristina Buarque de Holanda e Flávia Bittencourt, e os “OS TELHADOS DE SÃO LUÍS”, em que ele retrata a sua cidade natal. Acompanhado apenas pelo piano de Carlos Parná e violão de sete cordas Luiz Júnior, instrumentista maranhense que escreveu os arranjos, dirigiu e produziu o álbum de Chico Maranhão.

Após louvar “OS TELHADOS DE SÃO LUÍS”, chega a vez de “SOBRADOS E TRAPICHES”. Com bela melodia, tendo um tambor para dar o “swingue”, Chico canta como um arquiteto musical: “(…) Do alto de suas tamancas (mancas)/ Se expõe com cortesia/ Azulejos na estampa/Mirantes de grande herança/ Ares de soberania (…)”. Com um desenho do sete cordas, tem início “SOBRADO”. O acordeom de Rui Mário chega junto, enquanto a flauta Sávio Araújo desenha o tributo à arquitetura de São Luís do Maranhão..

Sucessor de “SÓ CARINHO” (2001), o álbum “CONTRADIÇÕES” extrapola os ritmos maranhenses, misturando bumba meu boi e evocações do folclore brasileiro, em repertório que também transita pelo samba. Duas parcerias também estão presentes no álbum, com o poeta maranhense, já falecido, Nauro Machado, na música “QUANDO BAIXA O CREPÚSCULO” e “ROÇA BRASIL”, com o cantor Chico Teixeira, filho de Renato Teixeira.

No disco contém, ainda, a música “MANDIOCA PINGA SUSHI”, que abre o disco, é uma resposta a um trecho do conhecido discurso de Caetano Veloso, feito no 3º Festival Internacional da Canção, de 1968.

Com 51 anos de carreira esse é o décimo projeto deste músico maranhense, inquieto, de grande sensibilidade artística, estudioso das manifestações culturais maranhenses, que aprendeu a apreciar na convivência com a mãe, a folclorista Camélia Viveiros.

Contudo, por não ser propriamente um cantor, dono de voz dissonante, Chico canta com a eloquência que vem de seu pertencimento à terra que o encanta e se fortalece na identificação que tem com o povo que adotou como sobrenome – Maranhão!

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