– Se o imaginário de um certo senso comum trata o sertão como vazio, aridez, aspereza ou indigência, a ele confrontam-se as acepções de vitalidade, força, resistência, experimentação e criação, gestadas a partir de uma ordem de saberes e práticas que desafia o projeto colonial e suas reiteradas tentativas de submissão – diz a curadora Júlia Rebouças, nascida na capital de Sergipe, Aracaju. É desse sertão resiliente que trata o 36º Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna, que comemora 50 anos de existência da exposição.
A mostra, aberta no último dia 17 de agosto, e vai até 15 de novembro, no Museu de Arte Moderna (MAM), no Parque Ibirapuera, tem como título Sertão. 29 artistas e coletivos fazem parte da Mostra compartilhando estratégias de resistência e modelos de experimentação, a partir de suas histórias.
50 anos de Panorama
O Panorama da Arte Brasileira teve sua primeira edição em 1969 e foi idealizado como forma de o museu recompor seu acervo e voltar a participar ativamente do circuito artístico contemporâneo. A princípio evento anual, o Panorama passou a ser realizado a cada dois anos a partir de 1995, contando até o momento 35 edições.
Maranhão presente !
E como parte integrante deste coletivo a artista visual maranhense, Gê Viana, que faz uso da fotografia para suas criações por meio da fotomontagem e fotoperformance em experimentos de intervenção urbana/rural.
Em Sertão, Gê construiu a imagem de um “CAPELOBO” a partir de sua vivência para fazer uma ficção de proteção contra os diversos tipos violência sofridos pelos que residem no mato. Enfim, enquanto a arte puder afirmar sua condição de sertão, vai ter sempre luta, vai haver sempre a diferença, vai existir sempre o novo.
Reconhecimento
Gê é graduada do Curso de Artes Visuais pela Universidade Federal do Maranhão.
Em marco deste ano, Gê Viana foi selecionada para o Programa Bolsa Pampulha da Prefeitura de Belo Horizonte. Foram selecionados dez artistas para a realização de uma residência artística de seis meses em Belo Horizonte, e em setembro, participam de exposição para apresentar as obras produzidas.
A rua como galeria
Destaque para os trabalhos Corpografia do Pixo (2015), Paridade (2017), Enfarofado (2016), Sapatona (2018) e Retiro de Caça ou um Outro Capelobo (2019).
Bárbara Gimenez, educadora do Museu de Arte Moderna SP, relata com sentimento como Gê Viana afirma sua condição de sertaneja, que faz a diferença, se empodera e denuncia por meio da arte.
Serviço:
36º Panorama da Arte Brasileira: Sertão
Abertura: 17/08/19, 10h
Visitação: até 15/11/19; terça a domingo, 10h-17h30 (permanência até 18h)
Museu de Arte Moderna de São Paulo: Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3), São Paulo. Ingressos: R$7 (gratuito aos sábados)