Cura, de Deborah Colker, o meu presente de Natal

No bate-papo virtual com Deborah Colker, ela diz que as pessoas que assistem Cura conectam-se com as suas dores, angústias, inquietações e alegrias.

Assistir ao espetáculo criado, coreografado e dirigido por Colker é ler os movimentos da vida que pulsam para além da revolta, pois o inconformismo da doença do neto, Theo, de 12 anos, arrastou a diretora e sua trupe à pesquisa do sentido da cura em seus aspectos multifacetados: a cura que transcende o próprio corpo e se instala na alma; a aceitação do inevitável como condição de liberdade espiritual; a luta e a dor contra o preconceito. A provocação reverbera em cada coreografia. Em “Cura”, a ciência não briga com Deus, busca o contato entre a razão e a fé.

A cortina do TAA abre e as lágrimas nos olhos ao ouvir a voz infantil e envolvente que narra a história de OBALUAÊ, orixá das doenças e da cura. A cativante locução é Theo e a trajetória do orixá que nasceu com problemas físicos e é rejeitado, sendo acolhido por Yemanjá, que vê beleza onde todos apontam feiura.

‘Cura’ foi o meu presente de Natal. Um trabalho baseado em uma pesquisa densa, profunda e cheia de boas referências. Uma delas é o rabino e escritor Nilton Bonder que estabeleceu a ponte entre a ciência e a fé, entre amor e genética, entre aceitar e lutar, além de dono da potente frase: “a grande cura é a morte”.

Carlinhos Brown, Rei Midas, pois tudo que cria vira ouro, seja como timbaleiro ou percussionista cheio de sinfonia, entra em cena com “Bandagem”, o “mantra” inicia a ‘Cura’. “Ele me apresentou versos como traga meu sorriso para dentro e sou mais forte que minha dor, tive a certeza de que toda trilha teria de ser composta por ele”, conta Colker. Dito e feito !

Sai do teatro conectado pela dor da angústia, alegria, inquietação e questionamentos: “A CURA QUE NÃO TEM CURA”. O que é curar ? aproximar-se da dor do outro já é um grande passo. E DEBORAH COLKER falou com DEUS no espetáculo com a cara do Natal. Imaginei vê-lo nas ruas e praças de SLZ, mas existem casos em que A CURA AINDA NÃO TEM CURA. “UMA NAÇÃO QUE NÃO INVESTE EM ARTE E CIÊNCIA, NÃO DIALOGA COM A MASSA, NÃO SE TRANSFORMA”…Enfim, pra que pensar se o senso comum existe e é real ?

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