Cidadãos de bem e o discurso do contraditório

Inspirado no texto publicado publicado pelo site Canal Ciências Criminais, escrito por Daniel Kessler de Oliveira, resolvi me manifestar sobre a espetacularização midiática da prisão de Eike Batista, em Nova York, nos Estados Unidos. Assim como não concordo com o sensacionalismo barato feito em cima da prisão do empresário, considerado o 7º homem mais rico do mundo pela Forbes, também discordo com o que é feito quando o bandido é pobre em programas policiais de Rádio e TV.

Uma das coisas que me chamou atenção foi perceber que no meio de pessoas que xingavam o empresário, tinham outras que elogiavam pelo fato dele ser um grande empreendedor e milionário.

O cara foi preso com direito a “selfie” de um anônimo que estava no aeroporto. E ainda, teve gente, que elogiou a atitude dele ter se entregue à polícia sem reagir a prisão, como se caracterizasse um ato do homem justo à serviço da lei, esquecendo que o mesmo já era considerado um foragido internacional.

Fiquei então a pensar, como age o ser humano, que se define como cidadão de bem. Esbraveja assegurando ao delinquente menos favorecido: “bandido bom é bandido morto”, “mais chacinas nos presídios” “pena de morte a essas almas sebosas” ou “ladrão tem mais que ser linchado em praça pública”.

Não vão aqui achar que sou porta-voz dos mais humildes e com inveja porque Eike Batista é milionário. E nem venha com aquela velha história de que ele é rico e tu ? Não tenho o discurso do ódio ao dinheiro.

Também não faço parte da Santa Inquisição e não estou aqui para crucificar o Eike Batista em detrimento a um deliquente oriundo de uma comunidade vulnerável.

Pessoas suspeitos de atos criminosos devem ser investigados pela polícia. Se constatado o crime, devem ser processados e receberem a justa punição, independente da origem social. Infelizmente, o Código Penal Brasileiro, às vezes, age de maneira injusta em alguns casos.

Voltando ao texto de Daniel Kessler de Oliveira dois parágrafos me chamaram atenção: “nesta sociedade submissa ao dinheiro, o bandido pobre merece a morte, o ódio, a prisão apodrecida, enquanto o bandido rico, no fundo recebe minha inveja, minha ira por não ter sido eu a viver aqueles momentos e obter aqueles ganhos.

“Isto são faces de mais uma dentre tantas doenças sociais que as redes sociais não criam, mas escancaram. Os fins justificam os meios, e tudo é válido nesta corrida insana em busca do dinheiro e do poder”.

 

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