Aos 17 anos, a jovem negra, pobre e estudante da rede pública, Bruna Sena, foi aprovada em primeiro lugar no curso de Medicina da USP de Ribeirão Preto, a área é a mais concorrida na seleção da Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest).
Bruna Sena comemorou a conquista em uma rede social com a seguinte frase: “A casa-grande surta quando a senzala vira médica”
Embora a mãe de Bruna, de 50 anos, operadora de Caixa de Supermercado, acha que a filha venha sofrer preconceito na sala de aula, tendo em vista ser minoria na sala de aula, a jovem acredita que será bem recebida no ambiente universitário e defende a manutenção das cotas.
– Claro que a ascensão social do negro incomoda, assim como incomoda quando o filho da empregada melhora de vida, passa na Fuvest. Não posso dizer que já sofri racismo, até porque não tinha maturidade e conhecimento para reconhecer atitudes racistas -.
– Alguns se esquecem do passado, que foram anos de escravidão e sofrimento para os negros. Os programas de cota são paliativos, mas precisam existir. Não há como concorrer de igual para igual quando não se tem oportunidade de vida iguais – explicou.
A jovem ainda não sabe que especialidade deve seguir, mas já tem certeza de que quer ajudar as pessoas mais pobres. “Claro que não sei ainda qual especialidade pretendo seguir, mas sei que quero atender pessoas de baixa renda, que precisam de ajuda, que precisam de alguém para dar a mão e de saúde de qualidade”, disse.