O terreiro Ilê Axé Ogum Sogbô, do Pai Airton Gouveia de Ogum, localizado, na rua Nossa Senhora das Graças, nº 62 – bairro da Liberdade, quiçá, o maior quilombo urbano da região Metropolitana de São Luís, promove ações sociais, entre os dias 18 e 20 deste mês, na comunidade, além de reverenciar com ritual São Jorge , denominado e conceituado nas religiões de matriz africana como “Ogum”.
As ações serão realizadas com a parceria de instituições públicas e privadas, entre as quais, a Secretaria Municipal da Criança e Assistência Social – SEMCAS, o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS/MA, Secretaria Municipal de Educação – SEMED, Secretaria de Estado da Juventude – SEEJUV, Secretaria de Estado de Igualdade Racial – SEIR, Defensoria Pública com o Projeto Cuidar – Primeira Infância, Serviço Nacional De Aprendizagem Comercial – SENAC/MA, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social – SEDES, CEUMA e Faculdade Maurício de Nassau.
Serão realizadas oficinas, palestras, com a presença da Defensoria Pública, Federação de Capoeira, Coordenadoria Municipal da Mulher de São Luis, além do documentário Comidas de Terreiro do Ilê Axé Ogum Sogbô. Entre os conferencistas está o mestre em Direito Penal, Thiago Hanney. Ele vai falar sobre “Vulnerabilidade das Famílias em Áreas Quilombolas. Os moradores da comunidade também serão beneficiados com programas sociais oferecidos pelo Viva Cidadão e do CRAS.
Entre os dias 21 e 23/4, haverá uma vasta programação em comemoração a São Jorge, festejado no dia 23 de abril. Serão realizados “Obrigação Interna da Casa”, “Toque de Tambor de Mina”, “Procissão”, “Missa no Terreiro”. Também haverá a “Feijoada de Ogum” para convidados. A programação se encerra com as apresentações do grupo de samba Sou Mais Black, as bandas Afro Abiyeye Maylo e Marabatuk, além de show com Yara Brenda (seresta e forró).
Histórico
Localizado no bairro da Liberdade, Ilê Axé Ogum Sogbô foi fundado em 1985 por Pai Airton Gouveia de Ogum. Atualmente com 40 anos, ele foi filho-de-santo de Pai Jorge de Itacy, falecido em 2003. O terreiro segue orientações da casa de seu Pai-de-santo, que foi aberta em meados da década de 50, e originada do antigo Terreiro do Egito, hoje extinto, onde funcionou em São Luís desde o fim do século XIX.
A casa de Pai Airton Gouveia organiza a festa para voduns, orixás e caboclos, agrupados em famílias e realiza eventos relacionados com a cultura popular.
Diferente dos terreiros mais antigos e como acontece com os terreiros mais modernos, a casa de Pai Airton possui diversos filhos-de-santo do sexo masculino.
O terreiro segue tradições da mina jejê, nagô e cambinda e recebe influências atuais do candomblé kêto. Pai Airton recebe os caboclos: João Guará (turco), Folha-seca (farrista da Família de Légua), índia Taquariana e Cabocla Mariana; voduns: Ogum e Sogbô.
O terreiro comandado por Pai Airton já foi citado em obras do pesquisador e professor universitário Sérgio Ferreti. Serviu de fonte de inspiração do livro “Ilê Ashé Ogum Sogbô: etnografia de um terreiro de Mina em São Luís do Maranhão”, do professor do IFMA, Gerson Lindoso.
Documentário
Em 2013, o Nação apresentou o documentário “Mina da Liberdade”, que conta com direção de Chico Furtado.
O curta propõe uma imersão no universo cotidiano do Ilê Axé Ogum Sogbô, durante três dias de comemoração do festejo para Ogum, santo da Casa, localizada no Bairro da Liberdade em São Luis do Maranhão. O filme recebeu menção honrosa no júri técnico do Festival Guarnicê.