Dança, teatro e arte circense compõem a dramaturgia dos espetáculos integrantes da primeira etapa do Palco Giratório. Apresentados na sexta e sábado, dias 21 e 22 de abril, na Casa do Maranhão, os espetáculos levaram a plateia a refletir sobre problemáticas sociais atuais e urgentes.
Na sexta (21), o grupo “Fuzuê” do Ceará apresentou o espetáculo “Palafita” onde duas pessoas buscam equilíbrio entre seus corpos: ora sobre mãos e pés, ora reconstruindo formas de estar no outro, remetendo a imagem das moradias. “Utilizar o corpo como ferramenta é algo que nos permite transgredir uma narrativa linear.
Em Palafita, não há começo ou final, estas ordenações temporais dependem muito do olhar e da narrativa que se forma em cada indivíduo que assiste a obra. Trazer o corpo como dispositivo, muitas vezes, é permitir que o outro crie as suas próprias conexões com a proposição.
Por mais que o trabalho tenha um argumento lógico para o intérprete, teremos que admitir que os símbolos chegarão de maneira particular em cada corpo que compartilha o espaço da apresentação. As pequenas narrativas neste espaço dizem muito”, ressaltou Edmar Cândido, intérprete e diretor do espetáculo.
No sábado(22) foi a vez do grupo maranhense “O Circo tá na Rua” apresentar o espetáculo “Héstias”. Através de elementos circenses o grupo levantou a reflexão sobre o espaço da mulher na sociedade, bem como as mais variadas questões que permeiam o universo feminino, perpassando por experiências, dúvidas, medos, escolhas, sexualidade, liberdade e a falta dela. “Héstias” busca denunciar de forma ampla a violência contra a mulher sofrida diariamente, a que é denunciada e a silenciada.
Na Grécia antiga, Héstia, a deusa casta, era a personificação do fogo sagrado e protetora das mulheres e seus lares. Era à ela que rogavam pedindo proteção. Na falta de proteção das divindades e em um mundo repressor e desigual para as mulheres, o coletivo “O Circo tá na Rua” enfatizou que o melhor é dar as mãos e seguir caminhando: “Companheira me ajuda que eu não posso andar só. Eu sozinha ando bem, mas com você ando melhor.”
Palco Giratório
Nesta edição, o Departamento Regional do Sesc no Maranhão recebe sete grupos artísticos das cinco regiões brasileiras, os quais foram criteriosamente selecionados para participar e itinerar pelo Brasil com suas produções, a fim de garantir a execução de uma das principais características do trabalho do Sesc: a qualidade.
E pela primeira vez o Estado está incluído no roteiro do Circuito Especial do projeto, que homenageia artistas e grupos que contribuíram para o desenvolvimento das artes cênicas no Brasil.
No Maranhão as ações se desenvolvem em três etapas, distribuídas nos meses de abril, maio, junho, julho e novembro. O Palco Giratório passou por São Luís e segue pelas cidades de Imperatriz, Açailândia, Caxias e Itapecuru Mirim, com o recebimento de sete grupos artísticos de outros estados, e entre as ações: 10 espetáculos, uma performance, uma intervenção urbana, 55 horas de oficinas, quatro pensamentos giratórios e dois intercâmbios.