Atitude de inclusão política e social é a participação de artesãos da comunidade índigena dos Canelas, da aldeia Escalvado, localizada no município de Fernando Falcão, nos arraiais do Ipem, Vila Palmeira e Maria Aragão. Uma oportunidade louvável dos povos indígenas que habitam no Maranhão participar da maior festa da Cultura Popular do Maranhão.

As atividades de estruturação da cadeia produtiva do artesanato e trabalhos manuais, no âmbito do Plano Mais IDH, tiveram início em 2016, após identificação por parte das equipes da Sedihpop e da Sectur (através do Programa Estadual do Artesanato), da grande potencialidade do artesanato e trabalhos manuais como geradores de renda, em 12 municípios do interior maranhense atendidos pelo Plano Mais IDH.

As ações para inclusão dos povos indígenas foi coordenada pela Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Sectur), através do Programa Estadual de Artesanato, juntamente com a Secretaria de Estado de Direitos Humanos e Participação Popular (Sedihpop).
– Esse momento é muito importante. Temos, através da participação desses representantes indígenas, a reafirmação de que o Governo do Maranhão tem buscado incluir os povos indígenas em suas políticas e programas, com a elaboração e implementação de ações específicas e diferenciadas para a integração, valorização e respeito aos aspectos socioculturais. Além disso, promovendo a geração de renda – destaca a coordenadora do Programa Estadual do Artesanato, Viviane de Jesus.
Casado, pai de dois filhos, estudante de Licenciatura Intercultural na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Vladmir Canela é professor e artesão, e pela primeira vez está participando de uma feira de artesanato. Quem visitar sua barraca no Arraial do Ipem vai encontrar uma grande variedade de utensílios domésticos como uru (cesto com tampa), mocó (um tipo de cofo), além de acessórios como brincos, colares, cordões, pulseiras, bolsas (também conhecidas como cestos de mão).
– Antes ficávamos isolados, não tínhamos comunicação. Agora o Mais IDH, com o artesanato, está nos dando condições para comercializar o que produzimos. Tudo que a gente está vendendo só se fazia para uso próprio – explica Vladmir Canela.
Com 32 anos de idade, Ricardo Kapereko Canela, também do município de Fernando Falcão, estudante do Curso de Licenciatura Intercultural da Universidade Federal de Goiás (UFG), está em São Luís para participar da feira de artesanato dos arraiais até o dia 2 de julho. Com o lucro das vendas pretende fazer uma reserva financeira para investir na educação dos filhos.
– A nossa participação é importante porque gera renda para as nossas famílias. Como nós utilizamos também as ‘coisas’ dos não indígenas, temos que ter dinheiro. Também precisamos mostrar que existimos para o povo e para os políticos para que reconheçam os direitos dos indígenas. Aqui, nesta ocasião, me sinto representando não só o povo Canela, mas todas as etnias do Brasil – conclui Ricardo Kapereko Canela, que já vislumbra a publicação de livros com base nas experiências adquiridas nas feiras.