Bota Pra Moer em folia Psicotropical pelas ruas de SLZ

Aos poucos a gente vai se alinhando e passando, oficialmente, informação de como será o carnaval de rua, em São Luís. Entre as brincadeiras confirmadas para a Folia Multicultural está o “BLOCO BOTA PRA MOER”, idealizado pela dupla Criolina [Alê Muniz e Luciana Simões].

Luciana Simões e Alê Muniz em Bota Pra Moer. Foto: Facebook

BOTA PRA MOER homenageia personagem da vida da cidade de São Luís dos anos 40, 50 e 60, conhecido por suas histórias e loucuras. O bloco vai sair na segunda feira de carnaval em cima de um trio elétrico na avenida Beira-Mar, entre a praça Maria Aragão e o Casino Maranhense, entre 16h e 23h.

– A gente vive um momento muito grave politicamente, mas não vamos deixar de manifestar nossa alegria porque a rua merece e o carnaval também. Vamos fazer uma grande festa psicotropical, tocando um repertório plural e contagiante. Tem surpresa por aí! – diz Luciana Simões.

Personagem

BOTA PRA MOER – era o apelido de Antônio Lima, pernambucano de Caruaru, um homem entroncado e de cor clara. Devido a sua impressionante inteligência, logo que chegou em São Luís foi batizado de “BOTA PRA MOER”. Sua memória era incrível. Ele chegava para uma pessoa e perguntava o dia, mês, ano e hora em que ela tinha nascido. Em menos de um minuto fazia um cálculo mental e dizia quantos anos, meses, dias e horas aquela pessoa tinha vivido até aquele instante. Outra faceta impressionante desse personagem era ler com a maior naturalidade um jornal de cabeça para baixo.

BOTA PRA MOER usava sempre roupas de segunda mão que ganhava de famílias mais ricas e quase sempre almoçava e jantava na casa do farmacêutico Garrido, proprietário da Farmácia Garrido, na Rua Grande. Os bolsos de suas calças viviam cheios de pão, que ele comia constantemente. Ali guardava também papéis e tocos de lápis para fazer seus cálculos. Às vezes era contratado por firmas para sair fazendo propaganda de casas comerciais. Nessas ocasiões andava pelas ruas com duas placas, uma na frente e outra atrás, anunciando os produtos e preços da firma comercial que o contratara.

– É importante a gente falar sobre as pessoas que andam pelas ruas da cidade e o Bota Pra Moer era uma delas. A rua pra gente tem um valor muito grande e precisamos ocupá-la com arte e cidadania. Nosso trabalho reflete sobre isso o tempo todo”, afirma Alê Muniz, que compôs com Luciana Simões e o poeta Celso Borges um frevo que traduz o espírito do que o bloco vai levar para as ruas neste carnaval. Vejam a letra em primeira mão. Semana que vem estará nas rádios da cidade.

CANTE:

BOTA PRA MOER

Alê Muniz, Celso Borges e Luciana Simões

Queremos circo, queremos pão

Queremos a libertação

Vai querer, vai querer

Bota pra moer 2X

Vai querer, vai querer

Pra gente poder

Sem temer sem temer sem temer

Fazer o chão tremer

Por toda a cidade

Esse o nosso jeito de ser

De fazer de acontecer

E acender o carnaval

Na arquibancada e na geral

Daqui pra frente a gente vai, vai, vai

Bota pra moer

Na rua na praça e no palácio

Alegria do louco e do palhaço

Queremos circo, queremos pão

Queremos a libertação

Tá na cara você não vê

Que a gente não dá

A cara pra bater

O que bate é o coração

Tum Tum tum

Tambor no peito

Prazer alegria e criação

Tum Tum tum

Por toda a cidade

O que bate é o coração

Tambor de felicidade

Queremos circo, queremos pão

Queremos a libertação

De poeta e louco

Todo mundo tem um pouco

Porque loucos

Somos todos em suma

Uns por pouca coisa

Outros por coisa alguma

Queremos circo, queremos pão

Queremos a libertação

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