Aos poucos a gente vai se alinhando e passando, oficialmente, informação de como será o carnaval de rua, em São Luís. Entre as brincadeiras confirmadas para a Folia Multicultural está o “BLOCO BOTA PRA MOER”, idealizado pela dupla Criolina [Alê Muniz e Luciana Simões].
BOTA PRA MOER homenageia personagem da vida da cidade de São Luís dos anos 40, 50 e 60, conhecido por suas histórias e loucuras. O bloco vai sair na segunda feira de carnaval em cima de um trio elétrico na avenida Beira-Mar, entre a praça Maria Aragão e o Casino Maranhense, entre 16h e 23h.
– A gente vive um momento muito grave politicamente, mas não vamos deixar de manifestar nossa alegria porque a rua merece e o carnaval também. Vamos fazer uma grande festa psicotropical, tocando um repertório plural e contagiante. Tem surpresa por aí! – diz Luciana Simões.
Personagem
BOTA PRA MOER – era o apelido de Antônio Lima, pernambucano de Caruaru, um homem entroncado e de cor clara. Devido a sua impressionante inteligência, logo que chegou em São Luís foi batizado de “BOTA PRA MOER”. Sua memória era incrível. Ele chegava para uma pessoa e perguntava o dia, mês, ano e hora em que ela tinha nascido. Em menos de um minuto fazia um cálculo mental e dizia quantos anos, meses, dias e horas aquela pessoa tinha vivido até aquele instante. Outra faceta impressionante desse personagem era ler com a maior naturalidade um jornal de cabeça para baixo.
BOTA PRA MOER usava sempre roupas de segunda mão que ganhava de famílias mais ricas e quase sempre almoçava e jantava na casa do farmacêutico Garrido, proprietário da Farmácia Garrido, na Rua Grande. Os bolsos de suas calças viviam cheios de pão, que ele comia constantemente. Ali guardava também papéis e tocos de lápis para fazer seus cálculos. Às vezes era contratado por firmas para sair fazendo propaganda de casas comerciais. Nessas ocasiões andava pelas ruas com duas placas, uma na frente e outra atrás, anunciando os produtos e preços da firma comercial que o contratara.
– É importante a gente falar sobre as pessoas que andam pelas ruas da cidade e o Bota Pra Moer era uma delas. A rua pra gente tem um valor muito grande e precisamos ocupá-la com arte e cidadania. Nosso trabalho reflete sobre isso o tempo todo”, afirma Alê Muniz, que compôs com Luciana Simões e o poeta Celso Borges um frevo que traduz o espírito do que o bloco vai levar para as ruas neste carnaval. Vejam a letra em primeira mão. Semana que vem estará nas rádios da cidade.
CANTE:
BOTA PRA MOER
Alê Muniz, Celso Borges e Luciana Simões
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
Vai querer, vai querer
Bota pra moer 2X
Vai querer, vai querer
Pra gente poder
Sem temer sem temer sem temer
Fazer o chão tremer
Por toda a cidade
Esse o nosso jeito de ser
De fazer de acontecer
E acender o carnaval
Na arquibancada e na geral
Daqui pra frente a gente vai, vai, vai
Bota pra moer
Na rua na praça e no palácio
Alegria do louco e do palhaço
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
Tá na cara você não vê
Que a gente não dá
A cara pra bater
O que bate é o coração
Tum Tum tum
Tambor no peito
Prazer alegria e criação
Tum Tum tum
Por toda a cidade
O que bate é o coração
Tambor de felicidade
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação
De poeta e louco
Todo mundo tem um pouco
Porque loucos
Somos todos em suma
Uns por pouca coisa
Outros por coisa alguma
Queremos circo, queremos pão
Queremos a libertação