Algumas pessoas precisam compreender que Carnaval é todo mundo “JUNTO E MIXADO”, ou seja, é uma folia étnica, pagã, católica, da incantaria, ecumênica, em que a música fica a gosto do freguês. Acho lindo no mesmo espaço a boa convivência entre os Fuzileiros da Fuzarca, os blocos tradicionais, a Casinha da Roça, o AKOMABU, o GDAM, as velhas e tradicionais marchinhas de Momo liquidificada com as novas vertentes que aí estão. Enfim, o Brasil é ou não um país miscigenado, reciclável e dono de uma variedade cultural, que só estudando o hibridismo de Néstor García Canclini para tentar entender tanta diversidade.
Ouvir Reggae no Carnaval de Rua é uma boa. Aqui é a “ATHENAS BRASILEIRA”, dita pelos intelectuais de plantão, mas também é a Jamaica Brasileira, pra quem lê livros e ouve o som vindo do Mar do Caribe. E pra quem não sabe o REGGAE e o XOTE, nasceram em lugares distintos, mas são filhos da mesma mãe. Que o diga Gilberto Gil com a sua sabedoria no álbum KAYA N´GANDAYA.
Assim é o FUNK BRAZUCA, nascido e criado nos guetos cariocas. Ao me permitir ouvir uma coisa aqui outra acolá, não percebo muito o que está sendo dito, mas sinto a harmonia do MACULELÊ. Me pergunto não seria o MACULELÊ uma manifestação, genuínamente brasileira, oriunda cidade de Santo Amaro da Purificação, na Bahia, berço, também, da Capoeira ?
Podem me chamar de moderninho, maluco, que estou subvertendo a ordem, mas tá na hora de se compreender o mundo e as pessoas, dentro de uma filosofia de vida que o diferencial existe. Sei que cada qual tem uma ideologia a defender, mas eu prefiro ter a minha, mas respeitar a alheia.
AFRO FUNK À MARANHENSE
Pois bem, nessa minha inquietação quando o assunto é música, a cada dia descubro que o meu tempo é o hoje. Durante a realização do Festival BR-135, passei rapidamente pelo Palco Spotify e vi uma onda humana prestigiando um projeto local chamado ‘QUEER’.
Alheio, no primeiro momento, com o que estava acontecendo procurei me informar. Na minha cabeça veio que seria mais um fenômeno da internet, que viraliza e agradou a massa. Trata-se dos rappers ENME, Butantan, da cantora de Close Errado e BOY, O dj Alladin, com ONLY FUEGO e FRIMES. Foi muita informação pra minha mente, mas entendi tudo. É gente querendo movimentar a cena local cheia de empoderamento e acreditando em um projeto musical pra fugir do convencional e quebrar tabus existentes em uma sociedade, ainda, com o germe do preconceito.
Sei que de toda essa movimentação sonora surgiu ‘SARRAR’, escrita por Enme e a produção é assinada por Brunoso, mesmo produtor de “Revis”,parceria já lançada entre Brunoso, Enme e Frimes. A faixa terá participação de Butantan, rapper e cantora de Close Errado e BOY com Only Fuego, também integrante do projeto “QUEER”, grupo musical formado durante a performance Festival BR-135.
O novo single de Enme e Butantan reúne influencias do funk com o afro house, da swingueira baiana, do tambor de crioula do Maranhão, do rap, do som do kuduro com trap, um musicalidade que podemos chamar de “afro funk”. Algo próximo ao que Major Lazer e Rincon Sapiencia já vem fazendo em seus trabalhos.
A música foi apresentada ao vivo no primeiro sábado (dia 13) do Bloco QUEER Itaipava, o webclipe foi lançado logo em seguida no Youtube: https://youtu.be/apkXJU1f1bY .
O video de Sarrar é uma produção independente com alguns videos da internet e takes autorais, com direção de Jéssica Lauane, produção de Rafael Paz e coreografado pelo próprio Enme, em parceria com os bailarinos Brunna Garcia, Erick Araujo e Dilton Cesar. A capa da música e toda fotografia do vídeo foi produzida por Jéssica Lauane.
Quanto o Carnaval: vamos deixar o patrulhamento de lado e ser feliz. Ah, não esqueça que o mais importante durante a folia é não esquecer a fantasia. Veja o clipe de Sarrar.