Não é novidade que o Brasil tem uma das maiores populações carcerárias do mundo. Com cerca de 622 mil presos, conforme dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), o país perde somente para os Estados Unidos, China e Rússia, quando o assunto são pessoas atrás das grades. Nesse sentido, o monitoramento eletrônico seria uma saída para a superlotação das prisões.
Outro ponto levado em consideração seria o dinheiro despendido na alternativa. Estudos do Depen apontam que enquanto um detento demanda de R$ 1,8 mil a R$ 4 mil por mês aos cofres públicos, o custo mensal das tornozeleiras gira em torno dos R$ 300. Ainda assim, os especialistas acreditam que pouco investimento é feito.
Para eles, o monitoramento eletrônico “é uma excelente alternativa para desanuviar os presídios” e funciona bem onde é utilizado. A tornozeleira “ajuda muito, pois é um equipamento que consegue monitorar se a regra está sendo cumprida ou não”, acreditam.
Fabricantes
Atualmente, as duas principais empresas do ramo no Brasil – Spacecom e Synergye – afirmam que há cerca de 30 mil pessoas que fazem uso do equipamento. Curiosamente, a Spacecom, líder do mercado, está sediada em Curitiba, berço da Lava Jato.
Primeira empresa a desenvolver um sistema de monitoramento eletrônico com tecnologia 100% nacional, ela cresceu 296% entre 2011 e 2015. Em 2016, foi divulgado que a Spacecom vencia aproximadamente 90% das licitações do setor.
Ascensão
O equipamento, que desde de 2010 o monitoramento à distância esteja regulamentado por lei no Brasil, ganhou visibilidade durante a Operação Lava Jato. A tornozeleira virou moda e, às vezes, serve de ‘chacota’ por parte dos usuários. Muitos detentos que vivenciam no dia a dia o “REALITY SHOW”, via as tornozeleiras, acabam tirando onda.
Ironizando
No município de Codó, a 290 Km de São Luís, um preso em regime aberto conhecido, como Raugson Patrick Vale Barbosa, que usava uma tornozeleira eletrônica, tirou o equipamento, colocou em seu cachorro. O fato foi descoberto após Raugson Patrick Vale Barbosa ser preso novamente depois de cometer um assalto na região.
É natural andar pelas ruas de São Luís e perceber gente envolvida com a polícia e a Justiça transitando pela cidade com a tornozeleira eletrônica, numa demonstração de estar sentindo-se confortável com um adereço aparentemente “fashion”e não funciona.
Enfim, é tanta gente nos cárceres brasileiros que a tornozeleira eletrônica já tem a cara do Brasil.