Barreirinhas: simbiose festiva no Lençóis Jazz e Blues Festival

No Brasil, apreciadores do Jazz e Blues tiveram que esperar até 1978 para desfrutar o seu primeiro festival. Uma parceria, com o evento suíço Montreux Jazz Festival, permitiu a realização do Festival Internacional de Jazz de São Paulo. E foi a transmissão ao vivo desses shows para outras regiões do país, por meio da TV Cultura, que contribuiu para a formação de novas plateias para o gênero.

A junção do inusitado é a liga deste duo: com a gaita de Pablo Fagundes e o beatbox (sons com a boca) de Christylez Bacon, a dupla interpreta de maneira única clássicos do repertório brasileiro e americano, com evidência para o swing dançante. Foto: Fernanda Torres

Nas décadas de 1980 e 1990, vieram o Free Jazz Festival, que tive o privilégio de assistir a duas edições, no saudoso Hotel Nacional, em São Conrado, no Rio de Janeiro, e o Heineken Concerts, concentrados, basicamente, no eixo Rio-São Paulo. Com a extinção do Free Jazz Festival, nasceu o TIM Festival, também, no Rio-São Paulo, já com uma abertura musical, constatado por mim de perto em uma de suas edições no Museu de Arte Moderna (MAM), no Aterro do Flamengo, no RJ.

Instrumentista mineiro, Juarez Moreira, fez show de abertura da noite de encerramento em Barreirinhas. Foto: Fernanda Torres

Vinte e Um

Já neste século, dezenas de eventos de jazz e blues se estabeleceram em outras regiões do país, formando um circuito que abrange quase todo o ano. O mais antigo é o cearense Festival de Jazz e Blues, realizado há 19 anos, durante o Carnaval, nas cidades de Guaramiranga e Fortaleza.

O bacana é saber que estes festivais deixaram de ser fechados em teatros e foram redefinidos. A descontração dos concertos ao ar livre como ocupação dos espaços públicos e a possibilidade de se assistir diversas atrações musicais nos mais variados estilos em um único dia, pesam em favor de eventos desta natureza.

Violoncelista carioca, Silvana Agla, com um show que agregou diversos gêneros, nacionalidades e línguas. Foto: Fernanda Torres

Jazz, Blues, etc e tal

O Maranhão também resolveu surfar nas ondas dos festivais de jazz. Há dez anos, acontece nas cidades de Barreirinhas e São Luís, o Lençóis Jazz e Blues Festival, idealizado pelo produtor Tutuca Viana.

Vocalista da Tribo de Jah, Fauzi Beydoun: uma das atrações mais aguardadas do circuito Barreirinhas. Fez todo mundo dançar. Foto: Fernanda Torres

A ideia é pegar o sol brilhando em dois polos de grande potencialidade turística do Estado, atrair gente local e mundo afora, por meio de um cardápio musical diversificado.

Mas o fato é que, ao longo de mais um século de evolução, o jazz tem absorvido influências de todos os gêneros. Esse hibridismo faz parte de sua essência.

DJ Vanessa Serra show à parte com a sua discotecagem no vinil. Foto: Fernanda Torres

Festa com ecletismo

E lá chegou mais um verão e não pude ir até Barreirinhas para curtir o Lençóis Jazz e Blues Festival, justamente no ano que comemora 10 anos de existência.

Mas, atento ao que estava acontecendo por lá, por meio da assessoria do festival, de imagens da TV, entre outras mídias locais, soube que o público marcou presença em grande número, prestigiou a música e a avenida Beira-Mar.

Pelo “line up”  é um festival de brasilidade com diversidade musical e gringo no pedaço. Assim foi traduzida as três noites do Lençóis Jazz e Blues Festival, em Barreirinhas, e será dada continuidade na versão ludovicense.

Baixou pela região dos Lençóis Maranhenses, do cantor e compositor mineiro, Lô Borges, matando saudades do Clube da Esquina, e cantando a obra de Milton Nascimento à Fauzi Beydoun, mostrando o seu lado “bluesman”, mas garantindo a diversão da plateia com o reggae conceitual da Tribo de Jah, banda de reggae genuínamente maranhense, criada por este paulistano de Assis, que adotou o Maranhão para viver.

A festa contou, ainda, com as presenças de Renato Serra e Quarteto (MA), Juarez Moreira (MG), Silvana Agla (RJ), Jefferson Gonçalves e Gustavo Andrade (RJ/MG), Delcley Machado Convida Amaro Freitas (PA/PE), Pablo Fagundes e Crystilez (DF/EUA), Adriano Grineberg (SP), além da DJ Vanessa Serra tocando pérolas no vinil. Uma simbiose à base de jazz, blues, música instrumental brasileira, “beatbox” e reggae com seus derivados às margens do imponente Rio Preguiça.

Ilha Bela

A próxima etapa do festival ocorre, gratuitamente, na sexta-feira (17/8) e sábado (18/8), em São Luís. O local das apresentações será a Concha Acústica, na Lagoa da Jansen. Serão dois dias com seis shows por noitada.

Quem não foi a Barreirinhas tem mais é que prestigiar o festival cujo o logotipo é uma releitura da que foi criada pelo homenageado, o designer e publicitário maranhense Jesiel Pontes, [que morreu este ano] para a terceira edição do evento, uma das mais elogiadas pelos fãs e que mostra com muita delicadeza a alegria de um dos maiores eventos de música, Responsabilidade Social e Ecoturismo do Maranhão.

Saiba a programação

Dia 17/8 (sexta-feira)

20h15 – Gabriel Grossi (DF)

21h20 – João Donato (RJ)

22h30 – Taryn Szpilman (RJ)

Dia 18/8 (sábado)

20h15 – Pedro Figueiredo e Samuca do Acordeon (RS)

21h20 – Hamilton de Holanda (DF)

22h30 – Ed Motta (RJ)

Programação Palco Mundo – Área Externa da Concha Acústica da Lagoa da Jansen

17/8

18h – Wendell Cosme “Ritmos e Sons”
19h – Norjazztinos
23h30 – Dário Ribeiro (Blues)
0h00 – Movimento Cidade apresenta Neiva e Félix (Djs)

18/8

18h – Quarteto Crivador

19h – Josué Costa e Trio

23h30 – Daniel Lôbo (Blues)

0h00 – Movimento Cidade apresenta Neiva e Félix (Djs).

PROGRAMAÇÃO PARALELA DO CIRCUITO SÃO LUÍS

OFICINAS DE MÚSICA (Gratuitas):

Dia 17/8 (sexta-feira)

Oficina 3- Oficina de Choro- GPS da Roda de Choro

Oficineiro: Samuca do Acordeon

Local: Escola de Música do Estado do Maranhão- EMEM

Horário: 9h às 12h

Dia 17/8 (sexta-feira)

Oficina 4- “Tecniquês” para músicos- técnicas de sonorização e gravação de instrumentos e voz

Oficineiro: Pedro Figueiredo (Flautista e saxofonista)

Local: Escola de Música do Estado do Maranhão- EMEM

Horário: 15h às 18h

OBSERVAÇÃO: Em São Luís será necessário se inscrever para participar das oficinas. As inscrições podem ser feitas por meio do link: https:goo.gl/forms/X99LU5nms3xyeWpx2.

Outras informações podem ser obtidas com coordenador de oficinais do Lençóis Jazz e Blues Festival – Ivaldo Guimarães.

PALESTRA “MÚSICA E DEFICIÊNCIA VISUAL: dificuldades e superações”:

Palestrante: Henrique Duailibe (Pianista, arranjador, compositor, cantor e publicitário).

Local: Auditório da Uemanet, no Campus da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA).

Horário: 16h.

PRAÇA GOURMET – Dias 17 (sexta-feira) e 18 (sábado) a partir das 17h, na área externa da Concha Acústica da Lagoa da Jansen o público do festival vai poder experimentar delícias da Casa do Ogro e de outras lanchonetes de São Luís, além de saborosos pratos da culinária típica maranhense.

FEIRA DA LAGOA (ARTESANATO MARANHENSE)– Nos dias 17 (sexta-feira) e 18 (sábado) das 17h às 21h, na área externa da Concha Acústica da Lagoa da Jansen, o público do festival vai poder conferir o melhor do artesanato maranhense na Feira da Lagoa. Ao todo dezoito artesãs selecionadas vão comercializar, em stands sustentáveis, belos trabalhos feitos com matérias-primas do estado, entre elas, a palha do buriti, além de outros produtos que mostram todo o talento, a delicadeza e a criatividade das artesãs maranhenses.

EXPOSIÇÃO FOTOGRÁFICA “10 ANOS DO LENÇÓIS JAZZ E BLUES FESTIVAL” – CIRCUITOS BARREIRINHAS E SÃO LUÍS:

A história dos 10 anos do Lençóis Jazz e Blues Festival contada por meio de imagens. A exposição fotográfica “10 Anos do Lençóis Jazz e Blues Festival”, mostrará ao público registros de momentos marcantes do festival eternizados pelas lentes dos fotógrafos que integraram a equipe do evento ao longo das nove edições anteriores.

Em São Luís a exposição poderá ser vista nos dias 17 e 18, também a partir das 17h, na área externa da Concha Acústica da Lagoa da Jansen. A exposição conta com o apoio do Foto Sombra.

 

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