E quando questionado sobre o retorno dos Titãs à São Luís, no dia 1º de novembro, quinta-feira (véspera de feriado), na Casa das Dunas, na avenida Litorânea (Calhau). Na programação tem ainda a banda Alcmena e o DJ Arsênio Filho. Tony Bellotto, declarou o seu amor pela cidade, considerada por ele como “berço do reggae brasileiro.
PEDRO SOBRINHO: Em 36 anos de carreira, 14 discos lançados e mais de sete milhões de álbuns vendidos. Como é conseguir manter uma banda junta por tanto tempo, mantendo a qualidade e sem perder a relevância na indústria fonográfica?
TONY BELLOTTO: Você tem que gostar do que faz. E a banda tem que estar funcionando, no sentido de não estar apenas cumprindo um papel burocrático, mas expressando uma vontade real de fazer coisas novas e se superar.
PEDRO SOBRINHO: Os Titãs se consideram uma banda datada?
TONY BELLOTTO: Não, claro. Ou não estaríamos lançando um de nossos trabalhos mais relevantes em pleno 2018! A nossa data é sempre o dia de hoje.
PEDRO SOBRINHO: Os Titãs é uma banda que sofreu muitas mudanças de formação até chegar aos três. O que mudou nessa transformação?
TONY BELLOTO: Mudou tudo, e no entanto nossa essência permanece a mesma, como num paradoxo zen: mudar para continuar igual, sempre.
PEDRO SOBRINHO: “Doze Flores Amarelas” é um disco desafiador para os Titãs, pois além de ser uma ópera rock, o grupo fez dele um espetáculo que envolve teatro, cinema e vários desdobramentos temáticos. Como explicar a presença do universo feminino dentro do contexto do disco?
TONY BELLOTTO: A transformação das mulheres, e sua tomada de consciência sobre as questões que as oprimem há séculos, é a coisa mais importante que acontece no momento, na minha opinião.
PEDRO SOBRINHO: Enfim, são várias histórias contadas no disco, mas uma abordagem impactante é sobre abuso sexual. Um problema que afeta principalmente às mulheres. A ideia é tratar o problema como sendo não apenas das mulheres, mas também dos homens, na condição de opressor?
TONY BELLOTTO: Eu acho que a questão da opressão da mulher é um problema da sociedade, que inclui todos os homens e mulheres. E não só os homens opressores e machistas, mas também aqueles, entre os quais nós nos inserimos, que respeitam as mulheres e lutam com elas por uma sociedade mais justa e que contemple direitos plenos para todos, independente do gênero sexual.
PEDRO SOBRINHO: Existem vertentes do movimento feminista que não aceitam que homens falem sobre esse tipo de assunto. Como vocês lidam com essa área que ainda é muito nebulosa no Brasil e no mundo inteiro?
TONY BELLOTTO: Acho que como autores e criadores temos o direito de falar sobre o que bem entendermos, como fazem escritores e compositores há séculos, como Homero, Ésquilo, Shakespeare, Luiz Gonzaga, Clarice Lispector, Tchekov, Virginia Woolf, Rita Lee e Jorge Amado, só para citar alguns.
PEDRO SOBRINHO: Há alguns gêneros musicais que ganharam mais espaço nos últimos anos no Brasil, tomando as paradas, como é o caso do funk e do sertanejo universitário. Como vocês enxergam essa tomada e o que acham desses gêneros?
TONY BELLOTTO: Acho todos os gêneros válidos, é tudo música afinal de contas. Existe música boa e música ruim, independente do gênero. E acho justo que música ruim também tenha espaço. Por que não? Nós, os Titãs, sempre fomos e continuamos sendo muito democráticos.
PEDRO SOBRINHO: Neste retorno a São Luís, o que os Titãs prometem para os fãs da banda?
TONY BELLOTTO: Um show com tudo que temos de melhor, hits, sucessos, porradas e alguma coisa da ópera. Um show para ninguém botar defeito, pois amamos São Luís e estamos com muitas saudades da cidade e de nossos animados fãs maranhenses. Nunca esquecemos que São Luís é o berço do reggae brasileiro!