Djuena Tikuna defende as causas indígenas com música

Durante a 12ª Feira do Livro de São Luís( FeliS),tive o privilégio de conhecer Djuena Tikuna, nascida na Aldeia Umariaçu II, da etnia  Tikuna — daí o sobrenome —, no município de Tabatinga (Amazonas).

Ela fez parte do “line-up” da FeliS, em que ce a 12ª Feira do Livro de São Luís( FeliS),tive o privilégio de conhecer Djuena Tikuna, nascida na Aldeia Umariaçu II, da etnia  Tikuna — daí o sobrenome —, no município de Tabatinga (Amazonas).onversou comigo, rapidamente, de suas impressões e expressões sobre a musicalidade Tikuna, da sua trajetória pessoal e artística, e ainda fui presenteado com o seu disco “Tchautchiane”

Djuena Tikuna, cujo o significado é “a onça que pula no rio”. Foto: Arquivo

Na FeliS apresentou os seus trabalhos artesanais e fez um “pocket show”, baseado no repertório do seu disco, intitulado “Tchautchiane”, que quer dizer “Minha Aldeia”.

Durante a 12ª Feira do Livro de São Luís (FeliS), tive o privilégio de conhecer Djuena Tikuna, nascida na Aldeia Umariaçu II, da etnia Tikuna — daí o sobrenome —, no município de Tabatinga (Amazonas).

Ela fez parte do “line-up” da FeliS, onde participou de um bate-papo sonoro, falando de suas impressões e expressões sobre a musicalidade Tikuna. Também apresentou em um “pocket show”, o repertório do seu disco, intitulado “Tchautchiane”, que quer dizer “Minha Aldeia”.

Resistência Cultural

Djuena, cujo o significado é “a onça que pula no rio”, e que até os 10 anos de idade, falava apenas a língua Tikuna, conseguiu, por meio do disco, uma cena inédita.

Nos 121 anos do Teatro Amazonas, em agosto de 2017, agregar mais de 800 pessoas para prestigiar a primeira mulher indígena a protagonizar um ato-show naquele imponente teatro, localizado na cidade de Manaus, cidade onde cresceu e estudou, chegando a concluir o curso de Jornalismo.

Capa do disco, intitulado “Tchautchiane”, que quer dizer “Minha Aldeia”. Foto: Diego Janatā.

Quanto ao disco, gravado e mixado no estúdio 301, em Manaus (AM), é composto por 12 faixas, e nele Djuena canta músicas compostas por ela e outras tradicionais do seu povo, além de canções de sua prima, Claudia Tikuna, uma de suas maiores influências.

Tikuna sempre foi uma grande defensora das causas indígenas. Em abril de 2017, participou da gravação de “Demarcação Já”, uma campanha musical gravada com artistas como Maria Bethânia, Gil Gilberto, Ney Matogrosso, Arnaldo Antunes, entre outros, pedindo pela demarcação das terras indígenas.

– O meu compromisso é utilizar a música que faço a serviço dos povos indígenas, então as minhas composições refletem esse sentimento, de luta, de identidade e orgulho de sermos quem somos – pondera.

É isso que faz o canto de Djuena a clamar por seu povo. Exemplo disso está na canção “Yimegü Rü Nainecüti Igü”, que abre o disco.

– É uma composição que reflete bem a realidade a qual os povos indígenas estão sujeitos, os reflexos das grandes obras em nossos territórios, a seca, a doença, o êxodo. Mas também nos faz refletir sobre a necessidade de gritarmos o grito de nossa identidade, de vencermos a correnteza do preconceito.

Nós somos os filhos dessa Terra. ‘A floresta é o manto da Terra’, dizem os sábios professores Tikuna do Alto Solimões – coloca.

DNA no Disco

O projeto do disco é desenvolvido em família e mais alguns amigos de Djuena.

– Meus irmãos Poramecú e Anderson Tikuna cantam e tocam violão e percussão, junto com meu marido Diego Janatã, que também produz alguns de nossos instrumentos como tambores, efeitos, maracás, entre outros. Recebemos os amigos amazonenses Mestre Eliberto Barroncas (percussão) e Abner Viana (clarinete).  Também um grande parceiro nosso é o violinista Anton Carballo, que integra a Orquestra Sinfônica Brasileira e tem contribuído conosco nesse trabalho – pontua.

Djuena começou a cantar profissionalmente há 10 anos, na antiga feira Puka’ar: Mãos da Mata, que acontecia na Praça da Saudade, no Centro Histórico de Manaus.

A feira reunia toda a comunidade indígena da capital, com seus cantos, danças, artesanatos, pinturas e bebidas tradicionais. A ideia é que este passado seja resgatado.

– Era uma bela confraternização entre os povos indígenas que vivem aqui. Meu irmão Aguinilson Tikuna foi eleito para o Conselho de Cultura da ManausCult. Os gestores públicos precisam entender que a comunidade indígena tem muito a contribuir com Manaus e o Amazonas – destaca.

Ativista, Djuena apoia a demarcação das terras indígenas e combate o preconceito contra os povos tradicionais.

– É uma forma que tenho de encarar a sociedade não indígena – afirma. “Temos de valorizar nossa cultura e fazer as pessoas não indígenas respeitarem nossos rios, terras e florestas. Elas são sagradas.”

Internacionalização 

Se o álbum marcou a primeira vez que indígenas protagonizaram um show no Teatro Amazonas, maior símbolo arquitetônico do Estado, o disco também fez com que, pela primeira vez, uma artista da Amazônia brasileira fosse indicada ao Indigenous Music Awards, o maior prêmio mundial da música indígena, que acontece anualmente na cidade de Winnipeg, no Canadá.

Djuena foi indicada à categoria de “Melhor Artista Indígena Internacional”. A premiação aconteceu no dia 18 de maio e fez parte do Manito Ahbee Festival, evento que acontece na região e que promove o mercado e a arte dos povos indígenas.

Djuena Tikuna é uma artista da Amazônia. Canta a cultura do seu povo que mantem viva a sua historia, com uma voz, que mistura a sua arte tikuna, influenciada pela sonoridade rotulada de ‘Música Étnica’ ou ‘World Music’, por parte de alguns segmentos da crítica especializada, mas que prefiro definir como uma ‘música cidadã’.

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