Somos Todos Black no Festival Cabeça de Nêgo

O Festival Cabeça de Nêgo, idealizado pelo jornalista Pedro Sobrinho, cujo projeto foi selecionado pelo Edital Ocupa CCVM2019, cumpriu o seu objetivo de promover debate com o tema de alta complexidade, “A DIFÍCIL ARTE DE SER NEGRO E TER AUTOESTIMA” + mostra de moda+ baile com discotecagem e show.

Festival Cabeça de Nêgo. Foto: @fafalagofotografia

A plateia compareceu de forma singela e participativa. Foram duas noites de representavidade e resistência, em uma iniciativa feita para uma ‘imensa minoria” legitimando que “SOMOS TODOS BLACK”.

De acordo com o idealizador do evento, o jornalista Pedro Sobrinho, o Festival Cabeça de Nêgo surge também para agregar às celebrações do Dia da Nacional da Consciência Negra em São Luís. O festival foi pensado para somar na agenda da cidade, no mês da Consciência Negra, para celebrar a resistência da luta do negro no país e relembrar a memória de Zumbi dos Palmares, líder quilombola que morreu dia 20 de novembro, há mais de três séculos, além de todos os panteras negras que fizeram mudar o curso da história e estimular para nunca deixarmos de resistir.

” O festival chega em sua primeira edição, de maneira singela, não só com proposta do entretenimento, mas repleto de representatividade, debatendo tema como o racismo, questões políticas, agenda informativa e formativa, em que nós devemos protagonizar os nossos problemas e buscar soluções, através da imersão qualificada do negro na sociedade, tendo como quesitos essenciais a autoestima, a determinação, a perseverança, percebendo, que apesar dos obstáculos, haverá sempre uma luz no fim do túnel – enfatiza.

Para a convidada do evento, a cantora brasiliense Luciana Oliveira, que participa de dois momentos da programação, trazer o tema autoestima do negro como poder de fala é enriquecedor.

– Trazer o tema da autoestima é inevitável quando falamos de questões raciais,
Joao Belfort Foto Louise Mendes 2 (1).JPGsobretudo no Brasil, onde a autoestima das pessoas negras foram extremamente afetadas pelos processos históricos e isso se reflete na forma em que nossa sociedade é organizada. A exclusão racial, social e econômica da população negra, se deu muito pela desconstrução da autoestima. Por um olhar que inferiorizava e assim não permitia a mobilidade. Por isso hoje é tão importante temas como o empoderamento e a representatividade. Isso só potencializa ainda mais a criação e o poder revolucionário, não só da arte, mas de toda atuação social – conclui.

PROGRAMAÇÃO

Dia 22/11 (sexta-feira)
18h – RODA DE CONVERSA: A DIFÍCIL ARTE DE SER NEGRO E TER AUTOESTIMA, com
Mariana Sulidade, Meire Rabelo, Erik Moraes, Louise Mendes e Lucinana Oliveira (DF)

Dia 23/11 (sábado)

18h – BAILE SOMOS TODOS BLACK
Discotecagem: DJ Joaquim Zyion (vinil), DJ Pedro Sobrinho
Show com a banda Canal Raja (MA) e participação de Luciana Oliveira (DF), ex-backing vocal da Natiruts

Convidados

MARIANA SULIDADE

Educadora Popular da Rede Emamcipa. Historiadora, Pesquisadora em Ensino de
Historia, Territorialidades e questões raciais, Mestra em História pela UEMA e
professora substituta do curso de História da Universidade Estadual do Maranhão
(UEMA).

MEIRE RABELO

Militante do movimento negro, ativista feminista e atual coordenadora do Coletivo Bantu Kunlê. Graduada em Serviço Social pela UFMA e mestranda em Cartografia Social e Politica pela UEMA.

ERIK MORAES

Advogado, primeiro presidente da Comissão da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, da OAB-MA. Ativista do Movimento Negro e dos Direitos Humanos.

Como presidente da Comissão, Erik é um dos organizadores, do 1º Fórum Zumbi dos Palmares com a temática “Debatendo e Desconstruindo o Racismo”, promovido pela OAB/MA, com as palestras “Do pelourinho ao eats: analisando as novas epistemologias da escravidão na sociedade brasileira”, com a presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial da OAB-BA, Dandara Lucas Pinho; e “A importância histórica da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra da OAB”, com o Presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Humberto Adami Santos Júnior. A programação faz parte do Mês da Consciência Negra no Brasil.

LOUISE MENDES

A maranhense, Louise Mendes, é fundadora do I-Black, comunidade que visa discutir sobre o papel do negro no mercado de trabalho. Além do ativismo político, teve seu trabalho como fotógrafa, publicado no portfólio da Vogue Itália, uma das mais influentes e conceituadas revistas de moda do mundo. Louise retratou a moda inspirada nos aspectos culturais do Reggae, uma louvação à Jamaica Brasileira e à forte influência desse ritmo na identidade cultural de São Luís. Juntamente com o Sebrae-MA, Louise Mendes a primeira imersão online e gratuita sobre Vendas para a comunidade empreendedora do Maranhão.

JOÃO BELFORT

É stylist maranhense, criador da Moda do João e membro do coletivo criativo Haus 337. Já trabalhou com alguns nomes da cena artística local e nacional como Thayanara OG, Zeca Baleiro, Only Fuego, Butantan, Criolina, Áurea Maranhão, Raja, Marquinhos Duailibe, Vinaa, Baré de Casco, Fabrícia, Flávia Bittencourt, Thiago Maci, entre outros.

Teve trabalhos em veículos publicitários nacionais e internacionais e atuou com grandes nomes da moda maranhense, entre eles, o maranhense Chico Coimbra (in memoriam), além de outras parcerias com marcas locais. Na sua bagagem também tem dupla premiação como melhor produtor de moda.

DJ BRUNOSO

Natural de São Luís, produz seus próprios sons desde os 13 anos, inspirado por gêneros periféricos brasileiros misturando-os com elementos da Bass Music. Seus sets transitam entre Funk, Rasteirinha, Hip-Hop, Bregadeira e Música Eletrônica.

DJ GABRIELLA LEÃO

Começou sua trajetória como produtora de eventos de protagonismo negro. Apaixonada por música preta e derivados, toca em festas mostrando versatilidade, difundindo e acessibilizando esta vertente sonora com sets representativos. Atualmente reside em São Luís e usa como maior referência os batuques e toda a musicalidade regional e brasileira.

Com sua experiência da noite ludovicense para se comunicar com seu público, ela vai saber como animar um baile, seja com um set de brasilidades, de funk, de bregadeira, Rap, R&B, Afrohouse ou Techno.

DJ PEDRO SOBRINHO

Como já dizia Carlinhos Brown, em Magalamabares: “Quem tem Deus como Império, no Mundo não Está Sozinho”. São mais de 20 anos na pista, o DJ Pedro Sobrinho já fez vários barulhos dentro e fora do Estado do Maranhão. Esteve em Fortaleza, Rio de Janeiro e Brasília e na Ilha tocou e produziu festas em diversas casas, sempre apresentando uma discotecagem cheia de personalidade, em que a palavra de ordem é garantir a diversão.

O público pode se preparar pra curtir brasilidades remixadas (coco, ciranda, maracatu, sons da Amazônia), Dub, Afrobeat, Soul e R&B.

JOAQUIM ZION

Rádio Zion (desde 1995) é o título do projeto de discotecagem do vinil realizado pelo colecionador, pesquisador e produtor cultural, Joaquim Zion, um dos pioneiros, referência na arte da discotecagem do vinil no maranhão. Reúne uma rara coleção, com mais de cinco mil vinis, que começou aos 16 anos.

Nos anos 90 iniciou a Rádio Zion, durante shows da banda Mystical Roots, apresentando pérolas do reggae de raiz e música brasileira. São 22 anos de discotecagem, com destaque para as produções do show dos jamaicanos Johnny Clarke e Lloyd Parks, entre outros.

A discotecagem que preparou para o Festival tem o slogan “som pra dançar e pensar”, com a proposta de difusão dos ritmos clássicos para o público ouvir, pensar, relaxar e dançar. No set: Roots Reggae, Samba rock, Original funk, Dub, Afro beat, MPB, e outras raridades do seu acervo.

CANAL RAJA

Com um formato novo, sem banda, apenas com bases digitais tocadas por um DJ, a Raja vem com um trabalho totalmente original, dançante e vibrante. Como influências, o Rub-a-Dub, trazendo a sonoridade da Jamaica. A banda terá a participação especial da cantora brasiliense, Luciana Oliveira, ex-backing vocal da banda Natiruts, pela primeira vez se apresentando solo na
ilha. A artista transita do samba ao afoxé, com forte inspiração na música afro-brasileira.

– O Festival Cabeça de Nêgo é para nós da Raja sinônimo de resistência. É um momento de refletir sobre a importância da cultura, das cores, dos ritmos e da luta, mas sobretudo, o dia de denunciarmos todo o racismo e discriminação que historicamente a população negra sofre nesse país. Encontros como este são primordiais para nos reconhecer como filhos da África e enaltecer toda essa cultura que apesar de ter sido por muito tempo marginalizada, jamais conseguiram silenciar – festeja Nayron Raja.

LUCIANA OLIVEIRA

A cantora brasiliense realizou shows pelo Brasil, com destaque para Festival 061, em Brasília, o projeto Quintas no BNDES, no Rio de Janeiro, entre outros. Em 2011, gravou com a lenda viva do dub Mad Professor, no estúdio do cantor em Londres, para um projeto que mesclou música brasileira e Reggae. Idealizou o show Canções de Liberdade, em 2017, que teve duas apresentações no Sesc Pompéia e as participações de Liniker, Maíra Freitas e outras.

Em abril de 2017 idealizou o show Canções de Liberdade que aconteceu em duas apresentações no Sesc Pompéia com sucesso de público e crítica. O show contou ainda com as participações de Liniker, Maíra Freitas, Jesuton e Eduardo Brechó.

O fato do novo álbum, e terceiro da carreira, da brasiliense Luciana Oliveira ter o mesmo título da faixa de Elza Soares, lançada em 1974, não é uma coincidência – trata-se de uma homenagem e culto à rainha da música que inspirou Luciana neste projeto.

Foi em uma audição despretensiosa do disco “Negra” de Elza que Luciana teve a ideia e passou a trabalhá-la e desenvolvê-la, mas ainda sem imaginar o quão grande se tornaria seu plano.

Luciana Oliveira se apresentou pela primeira vez em São Luís como cantora solo. Ela fez um ‘featuring” no show da banda maranhense Canal Raja. Uma confraternização musical.

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA

O Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro em diversos estados do país, tem como objetivo fazer uma reflexão sobre a importância do povo e da cultura africana no Brasil. A música, a política, a religião a literatura e a gastronomia, entre várias outras áreas, foram profundamente influenciadas pela cultura negra. É um dia de comemorar e valorizar a
cultura afro-brasileira.

SERVIÇO:

O quê: Festival Cabeça de Nêgo – Ocupa CCVM
Quando: Dias 22 e 23 de Novembro
Onde: Centro Cultural Vale Maranhão, localizado na avenida Henrique Leal, 149 – Praia Grande – Centro Histórico de São Luís.Tel.: 98 3232 6363.
Programação: Gratuita

 

 

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