Acompanhado de uma xícara de café, PENSEI, RABISQUEI, para citar Bauman: “vivemos tempos líquidos”. Guerras, terrorismo, desemprego, solidão, ignorância, pandemia, fenômenos em que a exclusão e desintegração da solidariedade expõem o homem aos seus temores mais graves.
Os Tempos Modernos, de Lulu Santos, de gente fina, elegante e sincera, parecem não existir mais. A violência vem desfazendo toda possibilidade de uma vida digna. Ao ler e assistir o notíciário penso em distanciamento, reclusão, porque este só transmite violência, guerras e mais guerras, e não há quem se agrade com a avassaladora violência do cotidiano pós-moderno.
Mas, a realidade existe, está aí, nua e crua, legitimando uma história. Uma delas é perceber que o ser humano vem sendo apequenado em dignidade e se agigantando em maldade. Cada vez mais se percebe no olho e nas ações de um criminoso a falta de tolerância, empatia e esperança.
Cria-se, hoje, o hábito de não sair mais de casa, mas, ainda sim, é possível que o perigo de forma sombria se manifeste pelas janelas gradeadas e pelas portas duplas das nossas casas. Qualquer um de nós pode ser surpreendido pela violência do próprio ente querido que dorme ao nosso lado, ou vice-versa.
Não é de hoje que se atribui a favela, ao bairro pobre, “território sem lei e de pessoas ruins”, assim dito pelos mais abastados, que a culpa de toda violência existente tem sua nascente ali, no meio da vila, bairro humilde, etc e tal. Essa verdade já foi superada, a violência venceu a barreira da desigualdade. Qualquer um de nós pode matar e qualquer um nós pode ser vítima. Tudo é questão de irracionalidade, do agir pelo impulso, sem medir as consequências de quem vai e quem fica.
Um certo dia ao pegar um ônibus lá pelas bandas do Turu, um motorista, com atestado de lutador de “MMA”, todo musculoso, porém com cérebro de gelatina, só falava em bater, matar e sempre levando vantagem. Fui do ponto de partida até o ponto de chegada com aquela conversa mole no “pé do ouvido”. Cá com a minha mente, quanta pobreza de espírito, mas deixa prá lá, com as almas penadas não se brinca. São pessoas assim que banalizam a vida e matam no trânsito, por cinco reais ou por uma nota fiscal. E aí, o que resta é lamentar as dores, perdas e tudo virar estatística.
Enfim, vieram os questionamentos: por que a banalização da vida se torna cada dia mais forte ? por que de vivermos este cenário de incapacidade moral, ética, dominado pelo banal, fútil, torpe, violento, etc. O que leva o ser humano a cometer as piores atrocidades, muitas até inimagináveis ? Qual o fundamento para tanta maldade humana ?
A verdade é que os tempos líquidos ou pós-modernos, têm exalado banalidade, violência, tem tirado o sono dos sociólogos, antropólogos, psicólogos, filósofos, polícia, juristas de todo gênero e mais do que nunca do cidadão comum, vítima do mundo atual.
É preciso que a dignidade prevista na Carta Maior seja efetivamente e urgentemente buscada. Do contrário, não haverá sistema penal e sistema carcerário que comporte a banalização da vida. Palavra da Salvação !