Aproveitando que o RACISMO é o tema em evidência, embora mereça discussão a todo instante, assisti na madrugada de sábado (13/6), o filme “EU NÃO SOU SEU NEGRO”, dirigido pelo haitiano Raoul Peck. Ele conta que a história dos negros na América é a história da América. E não é uma história bonita.
O filme traz flashes da história americana, pautada pela escravidão, pelas leis segregacionistas, pela violência policial que mata, ainda, hoje muitas vidas, ao passo que apresenta o revide negro, as marchas, os Panteras Negras e o recente movimento do BLACK LIVES MATTER, traduzindo para o português, “VIDAS NEGRAS IMPORTAM”.
O discurso do documentário é certeiro ao chamar os brancos a se responsabilizarem pelas desigualdades raciais que mantêm seus privilégios. Este é o elemento mais transformador do filme.
A população branca deste país tem que se perguntar por que foi necessário haver ‘os negros’ no passado. Mas eu não sou um negro, sou um homem. Mas se você pensa que sou um negro, significa que você precisa de um, então precisa se perguntar por quê ?
Não sei se o meu posicionamento é o politicamente correto, mas o problema do RACISMO não é mais um tema pra ser discutido somente em “bolhas”, circuitos fechados, enfim, literalmente, no “gueto”. Entendo que o mundo gira, o tempo não pára, a conjuntura histórica e junto com ela o Poder de Fala.
Não custa nada estender o problema do Racismo aos brancos, principalmente, para aqueles que ainda discutem o tema de forma “rasa” ou seja, no senso comum, para que percebam a estrutura de privilégios presentes dados a eles na sociedade.
Desse modo, o documentário oferece àqueles que “são vistos por todos, mas não se vêem”, a possibilidade de encarar o que acontece do “outro lado”, aquele que não é possível ver do lugar de privilégio dos espaços da branquitude. “EU NÃO SOU SEU NEGRO” abre essa janela. Basta saber se as pessoas brancas ou os que se acham, alguns como “NARCISO”, irão se reconhecer no espelho triste e fiel das suas ações.